*Pedro Ivo Rodrigues
A Cooperativa Mista do Médio Rio Pardo Resp. Ltda. – Coopardo -, fabricante de rações e sais minerais e comércio varejista de produtos agropecuários, sediada em Itapetinga (BA), possui 1636 associados e atua em sete municípios, sendo Itapetinga, com duas lojas, e em mais seis municípios, que são: Itambé, Macarani, Maiquinique, Itarantim, Potiraguá e Iguaí. A cooperativa foi criada em 28 de setembro de 1963, a partir de uma ideia elaborada por um grupo de pecuaristas, do qual fez parte o atual presidente, Rômulo Souto Coelho, que também dirigiu o Sindicato Rural, entidade representativa do segmento na região.
Itapetinga foi fundada em 1924, por Augusto de Andrade Carvalho, proprietário de terras, que incentivou a formação de um povoado que daria origem à cidade. Com larga tradição na pecuária, o lema do municí¬pio é “Terra Firme, Gado Forte”.
Presidente da Coopardo fala sobre o desenvolvimento da cooperativaRômulo Coelho conta como transformou uma simples idéia numa iniciativa de sucesso, narrando os desafios que foram enfrentados ao longo da existência da Coopardo. Ele também anuncia as perspectivas de expansão da cooperativa para outras regiões O presidente da Coopardo recebeu a equipe de jornalismo de O Sollo e concedeu uma entrevista exclusiva, narrando o começo e o progresso da entidade a qual preside. De acordo com Rômulo, a ideia surgiu durante uma conversa com Nivio Oliveira (Boba), filho do fazendeiro Juvino Oliveira, que mencionou a intenção de extinguir a Associação Rural para criar o Sindicato Rural de Itapetinga. “Como a associação possuía um estoque de produtos veterinários, sugeri que dissesse ao Sr. Juvino Oliveira para criar uma cooperativa, mesmo porque no Colégio Marista existia uma cooperativa de alunos que administrava uma biblioteca para locação de livros aos alunos carentes. Então Nivio pediu que fôssemos ao seu pai levar esta ideia. Juvino acatou, mas pediu que a levássemos a José Vaz Espinheira, pois ele tinha mais condições de desenvolvê-la. Espinheira foi à Salvador, ao Colégio Marista, e chegando lá foi orientado a procurar o Banco Holandês Unido, em busca de um estatuto de cooperativa na modalidade que pretendíamos. A gerência pediu um prazo para a entrega deste estatuto, porque tinha uma colônia de agricultores holandeses no Paraná que havia criado uma cooperativa. Chegando a Itapetinga com o estatuto, este sofreu reformas para que fosse enquadrado dentro das necessidades que a pecuária exigia, contando com a colaboração de advogados locais. Uma vez reformado, Juvino, que comandava a política na época, reuniu os produtores juntamente com Espinheira e criou a cooperativa COOPARDO”, informou. Foi eleita a primeira diretoria, tendo como presidente José Vaz Espinheira, secretário Thomaz Monte, diretor-gerente Nei Coelho Silveira. “Fiquei como suplente do diretor- gerente, assumindo posteriormente esse cargo, após a renúncia de Nei Coelho”, frisou. A diretoria presidida por José Vaz Espinheira criou o chamado “Mercadinho”, que foi na verdade o primeiro supermercado de Itapetinga, com a loja de produtos veterinários a parte. “Comecei como gerente, acompanhando todo o processo de estruturação da Coopardo. Na época, a Associação Comercial julgou que nossos preços estavam prejudicando os comerciantes filiados e fez um movimento com o intuito de afastar a cooperativa do supermercado, o que veio a acontecer quando Espinheira saiu para lançar sua candidatura a prefeito. Nossas atividades ficaram restritas à loja de produtos veterinários”, declarou Coelho, salientando a colaboração dos gestores que passaram pela entidade. “Todos os ex-presidentes prestaram contribuição significativa”, destacou. Frigorífico CoopardoRômulo informou que, por volta de 1983/84, a cooperativa, sob o comando de Michel Hagge Filho, teve a iniciativa de construir um frigorífico em Itapetinga, projeto que veio a ser realizado já na administração de Sinval Palmeira, com o nome de Frigorí¬fico Coopardo. Em 1985, o frigorífico sofreu grandes prejuízos, uma vez que na Bahia ainda não existiam grandes redes de supermercados e a comercialização era feita para grupos de abatedores em Salvador. Esse acontecimento fez com que a diretoria da época descapitalizasse as lojas para saldar débitos com os fornecedores de boi gordo, o que não foi suficiente, levando a Coopardo também a uma crise financeira sem precedentes. “A Coopardo quebrou! Nesse perí¬odo, tentamos eleger uma nova diretoria, com a liderança do prefeito Michel Hagge, e ficamos em situações difíceis por não achar nomes que aceitassem participar de uma nova diretoria. Em uma das reuniões das quais eu participei como presidente do Sindicato, o prefeito Michel Hagge me chamou à parte e pediu para que eu deixasse a presidência do Sindicato Rural e perante a assembléia eu colocasse meu nome como presidente, formando assim uma chapa com as pessoas que eu designasse, mesmo porque, estava já ficando para Itapetinga e classe produtora uma situação vexatória perante a opinião pública. Com isso, me afastei da presidência do Sindicato, passando ao meu substituto, Abdias Vilar, e me candidatei à presidência da Coopardo, sendo eleito em Assembleia Geral com os seguintes companheiros: Manoel Gomes São Mateus diretor secretário; Ricardo Ribeiro de Brito – vice e diretor administrativo, Alberto Ribeiro Gusmão – diretor comercial e Izai Dutra Amorim – diretor industrial”, explicou. Reunida no dia seguinte, a diretoria se movimentou no intuito de buscar uma solução financeira para viabilizar a cooperativa. Os produtores foram aos bancos, sendo que o único que dispôs a abrir o crédito foi o Banco Econômico, na pessoa do seu gerente, Pedro Pires, na condição de que fosse dado em garantia um aval individual dos diretores e a hipoteca de uma propriedade de um de seus membros. Com os recursos disponíveis, a equipe incumbida das negociações se dirigiu ao município de Feira de Santana e comprou todo o estoque necessário para a abertura da loja de produtos veterinários, ressaltando que a Coopardo devia na época todos os seus fornecedores. “Negociamos os débitos e cumprimos todas as obrigações assumidas. Saneamos a cooperativa. Em seguida, fui a Salvador, com Manoel São Mateus, tentar uma audiência com o governador João Durval Carneiro. Procuramos o deputado Eujácio Simões para conseguir a audiência, o que não foi possível em virtude do gestor estar viajando, o que nos levou a falar com o então secretário de Indústria e Comércio, Álvaro Cunha. Ao expor a situação, ele me disse que o Estado não colocava mais dinheiro em uma empresa que o governo de Antônio Carlos Magalhães havia ajudado tanto através do Desembanco, Ceplac e outras entidades financeiras e que lamentava a situação. Disse a ele que não queríamos que o Estado colocasse dinheiro e sim que transformasse os autos de infração fiscal, legítimos ou não, em ações de uma empresa S/A que pretendíamos criar. Depois de expor tudo ao secretário, Cunha concordou, dependendo da aprovação do secretario da Fazenda, Benito Gama, e do governador. Depois de vários contatos, fomos levados ao chefe do Executivo, que aprovou a criação da empresa, que passou a ser denominada MAFRIP S/A”, declarou. Em Itapetinga, foi convocada uma Assembleia Geral da Coopardo, na qual foi aprovado o projeto e ao mesmo tempo obtidas doações em bois, que abatidos, formaram o capital necessário ao saneamento do frigorífico e da Coopardo, começando assim um novo período da cooperativa e de uma empresa da qual ela participava como acionista maior. “Vencido meu mandato de três anos, me afastei da Coopardo, vindo assumir tempos depois a Superintendência do Mafrip. Antes mesmo de concluir o mandato, fui convidado pelo prefeito Michel Hagge a concorrer com ele como vice-prefeito na sua chapa. Afastei-me da empresa, sendo substituído por José Luna Filho. Eleito vice-prefeito, cumprimos o mandato e, a convite de Michel, concorri às eleições de Itapetinga como candidato a prefeito, vindo a perder a eleição em virtude de uma participação decisiva do então governador Paulo Souto, com a promessa de trazer a Azaléia para Itapetinga, uma indústria que iria gerar muitos empregos, o que realmente aconteceu”, explanou. Em 1999, Rômulo Coelho voltou a ocupar a Presidência da Coopardo, sendo reeleito já pelo quarto mandato consecutivo, que findará em março de 2012. Expansão da Coopardo para o extremo sulCom o crescimento de exportação de carne no Brasil, o pecuarista da região sentiu a necessidade de exportar sua carne, achando que a cooperativa, que era majoritária da empresa Mafrip, não tinha condição de fazê-lo, sendo solicitada a convocação de uma Assembleia Geral com a finalidade de vender a participação acionária da Coopardo na Mafrip para um grupo que se destacasse como grande exportador. Realizada a assembleia, foi aprovada a venda. Com a participação do pecuarista Deolizando Moreira (Dedé), foi feito um contato com vários frigoríficos, ficando a preferência de oferta para o Grupo Bertin, que era o maior grupo exportador de carne do Brasil. “Concretizadas as negociações, o Grupo Bertin assumiu a empresa e a Coopardo investiu os recursos na sua fábrica de sal mineral e ração, adquirindo imóveis para o funcionamento da mesma”, enfatizou. O presidente da Coopardo salientou que a entidade atingiu um crescimento que tornou imperativa a sua expansão e que foi escolhido o extremo sul da Bahia porque a pecuária da região é pujante. “Podemos levar os nossos produtos, principalmente sal mineral e ração, com preços competitivos e de qualidade”, pontuou. A Coopardo fabrica produtos como rações para gado leiteiro, de corte, recria, bezerro e equino, bem como suplemento mineral para gado de corte, leiteiro, bezerro, equino, ovino e touros. “A nossa fábrica de sal mineral e rações possui capacidade operacional de seis toneladas/hora e é totalmente automatizada”, acrescentou. “A Cooperativa é considerada pelos nossos fornecedores, na área de insumos agropecuários, como a terceira do Brasil, sendo que nossa região possui um rebanho bovino de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) cabeças, atendendo aproximadamente 800.000 (oitocentas mil)”, informou o presidente da Coopardo. Visita do governador Jaques WagnerO governador da Bahia, Jaques Wagner, foi convidado para a inauguração da fábrica da Coopardo. O gestor estadual não pôde comparecer nesse dia, mas veio no dia seguinte. “Depois de visitar todas as instalações, ele elogiou a nossa estrutura, bem como os serviços que prestamos”, afirmou Coelho, que acrescentou: “Wagner esteve aqui e conversou conosco. Ele me disse que é um homem muito democrático e que não se importa se votamos nele ou não, mas que apoia empreendimentos que sejam tocados por pessoas sérias e que promovam o desenvolvimento regional”, ressaltou. |
Vantagens para associados
A Coopardo que fabrica e distribui produtos como rações e sais minerais, oferece vantagens para os associados, principalmente na hora da compra, onde os sócios adquirem os produtos por preços bem abaixo dos de mercado.
Para se associar a Coopardo, é necessário que o pecuarista adquira o mínimo de 300 (trezentas) cotas ao preço de R$ 1,00 (um real) a cota.
Conselho de Administração: Exercício 2009 a 2012
Presidente: Rômulo Souto Coelho
Diretor Executivo: Nelí¬cio Pereira de A. Sobrinho
Diretor Financeiro: Haroldo Pereira de Almeida
Membros Vogais: Arlindo Pereira Andrade, Alberto Nolasco Hora das Neves, Diniz Rezende dos Santos e José Iracildo da Franca.
Conselho Fiscal: Exercício de março 2009 a março 2010
Efetivos: Cláudio Murilo M. Cardoso, Paulo de Oliveira Santos e Ijanai dos Santos S. Júnior.
Suplente: Belizário Ferraz de Melo, Hamilton Gonçalves Cardoso e Maria das Graças Ferreira.
Conselho Fiscal eleito para 2010 a março de 2011:
Conselheiros efetivos: Cláudio Murilo de Melo Cardoso, Hamilton Gonçalves Cardoso, Clerides Dutra Neto.
Suplentes: Antonio Márcio Pereira da Silva, Dilermando de Souza Campos e Maria das Graças Ferreira.
Endereços
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