“Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos.” (Mateus 5.45)
Na perspectiva do Evangelho de Jesus, nossa fé deve nos levar a agir em imitação a Deus. E na medida que assim fizermos, experimentaremos mudanças em quem somos. Entraremos no ritmo de Deus, no compasso divino. A Universidade de Monash, em Melbourn, Australia, realizou uma interessante experiência envolvendo pessoas e seus cães. Distanciados, o ritmo cardíaco do cachorro era um. Colocado de volta em proximidade com seu dono, o ritmo de seu coração harmonizava-se com o ritmo do coração de seu dono. Embora tenham considerado uma constatação ainda preliminar, todavia nos serve aqui de uma metáfora esplendida!
A vida cristã pressupõe comunhão com Deus, proximidade. Não se trata de ter fé para manipular o poder de Deus e conquistar o que desejamos. Mas de receber amor e desfrutar comunhão. E quando vivemos assim, aprendendo a ser amados e a ter a companhia de Deus, o ritmo de nosso coração se harmoniza com o de Deus. Nossos valores e aspirações serão confirmados ou mudados nessa relação. E assim seremos levados a agir com mais bondade, mais amor e misericórdia. Ganharemos disposição para tratarmos uns aos outros com menos rigor, com menos “senso de justiça”, que tantas vezes nos domina e que muito mais reflete nossa dureza e apego a regras que expressa o que de fato é justo.
Deus é generoso. Faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos. Devemos ser gratos por isso, pois não poucas vezes estamos entre os maus e injustos. Mas Ele não nos nega sua bondade, graça e misericórdia. Alguns dizem que é preciso mais justiça para mudar o mundo. Diria que estou entre os que assim pensam. Mas todas as vezes que leio os evangelhos mudo um pouco, pois compreendo que precisamos mesmo é de mais amor. O amor sempre trará justiça, mas na medida que promoverá vida e tirará espaço do mal. Quem ama não faz mal ao seu próximo (Rm 13.10). O amor não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade (1 Co 13.6). Que nossa fé nos faça mais parecidos com Deus. Pois, se não fizer, é indicativo de que nos perdemos em alguma parte do caminho!