Mucuri – Após a detecção de focos da mosca-negra-dos-citros no extremo sul da Bahia no final de julho deste ano, a Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), empresa da Secretaria da Agricultura (Seagri), tem utilizado das diversas estratégias de controle previstas no plano de contingenciamento da praga. Dentre elas está a ampliação das equipes de campo, que são treinadas para o reconhecimento da mosca-negra-dos-citros.
A Adab promoveu, em agosto, o 1º Seminário de Pragas da Citricultura com ênfase em Mosca-Negra-dos-Citros. Na oportunidade, foram ministradas palestras e aulas práticas no campo da antiga escola Agrotécnica da Emarc (atualmente, IFBaiano) e no laboratório da Facudade Pitágoras, em Teixeira de Freitas. Participaram 185 pessoas, nos dois dias do evento. Entre as instituições presentes estavam o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o IFBaiano, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), a Câmara Setorial de Citricultura do Agreste de Alagoinhas e Litoral Norte (CCLNorte), Prefeitura de Mucuri e dos municípios de Teixeira de Freitas e Prado, além de prestadoras de serviços, empresas locais e responsáveis técnicos.
O município de Mucuri marcou presença efetiva com seu representante, que participou do treinamento ao lado de 22 funcionários da Adab e demais profissionais designados pelas prefeituras de Rio Real, Alagoinhas, Salvador, Feira de Santana, Cruz das Almas, Santo Antônio de Jesus, Itabuna, Jequié, Vitória da Conquista, Eunápolis e Teixeira de Freitas.
“Acreditamos no sucesso das ações implementadas no nosso plano de contingência. Primeiro, por se tratar de focos secundários imediatamente identificados, demonstrando um sistema ágil e eficiente de nossa vigilância. Segundo, pelo fato dessas ações estarem respaldadas no entrosamento científico e tecnológico das instituições de pesquisa e o envolvimento efetivo da assistência técnica de produtores e das prefeituras. É o Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa), já demonstrando ser imprescindível na Bahia e no Brasil”, afirmou o diretor-geral da Adab, Cássio Peixoto.
A agência contou com o apoio científico de Wilson Maia, professor e pesquisador da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), que falou aos participantes sobre a mosca-negra-dos-citros, destacando bioecologia, morfologia, danos, amostragem e medidas de controle.
MOSCA NEGRA DOS CITRUS
Com origem asiática, a mosca negra dos citros, Aleurocanthus woglumi, também ocorre na África e Américas. Na América do Sul está presente na Colômbia, Equador, Peru, Suriname e Venezuela.
No Brasil, foi encontrada em meados de julho de 2001, na região metropolitana de Belém, no Estado do Pará, e hoje se encontra em 13 municípios, representando uma grande ameaça à citricultura.
Apesar das plantas cítricas serem as mais favoráveis para o desenvolvimento populacional da praga, ela pode se hospedar em mais de 300 espécies de plantas, como videiras, cafeeiros, mangueiras, mamoeiros, pereiras, entre outras.
DESCRIÇÃO E CICLO DE VIDA:
O inseto pode ser encontrado durante todo o ano, entretanto a sua reprodução é baixa nos meses mais frios. Os ovos são depositados em espiral sobre as folhas, em grupos de 35 a 50. A eclosão se dá em 4 a 12 dias, dependendo do clima. As fêmeas podem gerar 100 ovos durante a vida.
As ninfas são ativas, de coloração negra, achatadas e com seis pernas. Elas se movem por um curto período de tempo, principalmente na face inferior das folhas para evitar a radiação solar. Em pouco tempo inserem seu aparato bucal nas folhas e começam a succionar a seiva. Elas perdem as pernas no processo de mudança de pele.
Após três estágios de ninfa, transformam-se em adultos. Fêmeas e machos têm asas.
DISSEMINAÇÃO:
A disseminação da praga pode ocorrer por transporte de material vegetal, principalmente de plantas ornamentais, realizada pelo homem e/ou carregada pelo vento. Uma vez introduzida em novas regiões, a disseminação pode ocorrer pelo vôo do adulto, que é capaz de voar até 187km em 24 horas.
DANOS:
No processo de alimentação, a mosca negra danifica as folhas novas em crescimento. Sobre o líquido eliminado pela praga, cresce o fungo causador da fumagina que cobre as folhas e frutos, reduzindo a respiração e fotossíntese. Ocorre redução da frutificação, provocando perdas variando de 20 a 80%.
CONTROLE:
O controle biológico é um dos meios mais eficientes no controle da mosca negra. Os parasitóides Prospaltella spp. e Amitus hesperidum têm controlado eficientemente a praga.
Em outros países, o controle químico é realizado com inseticidas fosforados e piretróides.
Fonte: Fundecitrus