Ele já teve um orquidário, plantou girassóis, gosta de manga e abobrinha recheada. Mas proíbe geladeira, remédios e rir mostrando os dentes. Homem mais procurado do mundo, Osama bin Laden já foi criança e também pai de família.
E que família. Com o objetivo de “dar muitos filhos ao islã”, acumulou 20 rebentos em seis casamentos –um que acabou em divórcio e outro que foi anulado.
Apesar de não concordar com os métodos violentos do pai, seu quarto filho, Omar, tampouco concordava com o que era dito na imprensa. Decidiu contar ao mundo as alegrias e mazelas da família.
Em parceria com a mãe, Najwa –a primeira mulher de Osama e que lhe deu 11 filhos– e com a ajuda da autora Jean Sasson, escreveu “Sob a sombra do terror” (BestSeller, 432 pág., R$ 35).
“Enquanto ele reza pela guerra, eu rezo pela paz”, conta no livro Omar, que concedeu entrevista exclusiva à Folha por e-mail.
Omar deixou o Afeganistão em 2001, alertado de que “algo muito grande” estava por vir. Diz não saber o paradeiro do pai e como ainda não foi encontrado. “Ele está cercado por pessoas leais, que morreriam para protegê-lo”, diz. “Eles o amam.”
Casado pela segunda vez e pai de um filho, Omar acaba de se mudar para outro país no Oriente Médio –que não revela. O governo deste país, conta, impôs restrições a seu contato com a imprensa.
Apesar do sobrenome, Omar diz levar uma vida normal. “Há muitos membros da família Bin Laden no mundo e sou geralmente tratado com respeito.”
Ele começou parceria com uma empresa britânica, trabalhando com contratos de construção, elétrica e mecânica. Também gostaria de viajar pelo mundo “para ver diferentes culturas e conhecer pessoas”.
Sobre o Brasil, diz: “Sei que é um país enorme, extremamente diversificado e muito bonito. Ouço que as pessoas são muito simpáticas e bonitas”. E que “amaria visitar o país um dia.”
Cotidiano
Najwa e Osama se casaram em 1974, ela com 15 e ele com 17. Vieram os filhos e as novas mulheres de Osama.
Calmo, mas rígido, ele era linha-dura. Não tinham TV, não podiam usar geladeira ou ar-condicionado. Fogão e iluminação elétrica, ok. Sorrir sim, rir às vezes, mostrar os dentes jamais.
Brinquedos eram proibidos. O pai Osama só cedia quando o assunto era futebol. “Ele confessou que gostava de jogar futebol e que jogaria com a gente quando tivesse tempo”, conta Omar.
Mas o tempo era algo escasso para um Osama cada vez mais envolvido com atividades políticas e militares.
Mesmo alguns filhos tendo asma, Osama não admitia remédios ou inalador.
Refrigerantes nem pensar, nem gelo na bebida. Osama preferia chá ou mel com água quente e ordenava que os filhos só bebessem quantidades mínimas de água para tornarem-se resistentes.
De toda a prole de Osama, porém, há notícias de poucos após a invasão dos EUA ao Afeganistão, em resposta ao 11 de Setembro.
Fonte: Maria Carolina Abe / Folha de São Paulo