A pandemia fulminou com vidas, com negócios, com sonhos e todos esperamos o dia de em que nosso pequeno mundo que ainda podemos defender, volte a ter a felicidade perdida, em coisas bobas e simples, como uma mesa de bar, um almoço em família, uma viagem de turismo e uma partida de futebol. Nós somos frágeis, mas temos raízes profundas no contato social, em cada ser e em cada coisa do mundo que se tornou repleto de ecos, de soluços e de sombras.
Estou sentado e encaro o que acontece neste momento, Lula pode agora concorrer as eleições, suspeição de Moro, gasolina a 5,54 o litro, troca de comando na Petrobras, quase duas mil mortes em vinte e quatro horas, fico com um olhar duro. Um ano de pandemia e uma infinidade de percepções: Este ano teve um trilhão de momentos complicados, mas agora piorou muito, e eles inundam a memória e transbordam para o papel na forma de anotações.
Tranquei-me no quarto e olhei a lua. Senti que neste mundo estranho da pandemia as vozes podem perder o sentido ao cabo de um dia. O destino nosso será mais uma vez a polarização entre direita e esquerda? É a volta da inflação? Será a impunidade dos políticos da lava-jato? Então, nesse momento humano, sinto o quanto estamos regredindo.
Meu patrimônio de dias é rico o bastante para que eu possa e deva pensar num futuro melhor do que aparece no horizonte a frente. Já vivi tanto que o necessário agora não é viver novamente para fora, mas sim viver para dentro e sonhar com um Brasil melhor. Os dias vão passando. Estou repleto de impaciência: Serão os dias futuros a repetição de um passado que não queremos reviver?
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe no site www.osollo.com.br.