Unidade pertence ao distrito de Outeiro.
Governo diz que a unidade teve baixa procura por matrícula: oito alunos.
Coberta pelo mato desde o término da construção, em 2013, a escola erguida pelo governo do estado no distrito de Outeiro, cidade de Una, no sul da Bahia, será cedida para a administração municipal. A informação é da Secretaria de Educação do Estado (SEC), que encaminhou para o executivo da cidade a proposta de transferência do espaço. Em entrevista, na tarde desta terça-feira (18), a Prefeita de Una, Diane Brito Ruciolelli, disse que deve assinar a proposta de cessão da unidade de ensino até sexta-feira (21).
Ruciolelli afirma que o interesse inicial é de que a escola concentre os estudantes de uma unidade de ensino antiga do próprio distrito de Outeiro, como também alunos de um colégio localizado na Vila Rio Doce, no distrito de Comandatuba. “Vamos desativar e deslocar esses alunos, já que é espaço novo e maior”, diz. Ambas as escolas são de ensino fundamental.
A prefeita da cidade conta que, apesar de assumir a escola, irá negociar com estado uma parceria para poder promover ensino em tempo integral aos alunos, como também cursos profissionalizantes. “A gente vai barganhar para poder trazer alguns cursos técnicos”, disse.
Conforme a SEC, a escola cedida para o município tem seis salas de aula. A expectiva da prefeitura é de que a transferência dos alunos para a unidade ocorra no próximo ano letivo. “Fazer a intervenção imediatamente não vai ficar interessante. A gente vai trabalhar a comunidade para o ano que vem, a não ser que o estado peça isso [que já funcione esse ano]”.
Beneficiado pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), na segunda-feira (17), o município pode instalar as aulas do curso de hotelaria na escola cedida pelo governo ao município. Embora ainda esteja procurando empresas para administrar o curso, a previsão do executivo é de que as aulas comecem em outubro.
Abandono
Escondida sob um matagal e com muro depredado, a escola foi totalmente abandonada antes mesmo da inauguração. O espaço foi construído pelo estado entre os anos de 2012 e 2013. Mesmo com as obras encerradas, nunca recebeu alunos e professores.
Moradora do distrito há 25 anos, a professora Dudiley Pacheco contou que a escola foi construída de forma breve e com bela estrutura. Entretanto, dois anos após o término das obras, o matagal tomou conta do espaço. “Pensávamos que seria um meio para dar uma guinada ao distrito, que tanto precisa”, informou.
Pacheco contou que, entre os moradores, a informação disseminada era a de que a escola serviria para educação profissionalizante. “A escola foi construída e o espaço ficou muito bonito. Gerou expectativa em todos. Pensávamos que seria um instrumento para gerar emprego e renda na região”, contou.
Norma Lúcia, moradora do distrito há 30 anos, também apontou frustração com a falta de utilização da instituição de ensino. “Uma escola tão bonita. Não dá para acreditar. O mato está nas alturas e já abriram até um buraco no muro”, informou.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Educação do Estado (SEC) destacou que a obra foi realizada pela Superintendência de Construções Administrativas da Bahia (Sucab) e concluída em 2013. No ato da matrícula, em 2014, disse que apenas oito alunos se matricularam na instituição de ensino. Por esse motivo, os estudantes foram reencaminhados para a escola que fica na sede do município de Una.
Ainda em 2014, a SEC disse que, em articulação com a prefeitura de Una, iniciou o processo de transferência da escola para o município. A Secretaria não informou o valor investido na construção da escola e quanto será preciso para a reforma e limpeza do local.
Henrique Mendes/G1