Sul da BA: Após protesto e depredação, Exército reforça segurança

Protesto na BR-101 contra morte de agricultor aumentou tensão na região.

Wagner comentou a situação e disse que STF tem que garantir convivência.

Sul da BA: Após protesto e depredação, Exército reforça segurançaMais de 100 militares do Exército desembarcaram no aeroporto Jorge Amado, em Ilhéus, no sul da Bahia, nesta quarta-feira (12), para reforçar a segurança da região após o conflito entre agricultores e indígenas ter ficado mais intenso com o protesto na BR-101.

A ação durou quase 15 horas, quando os manifestantes deixaram a rodovia e seguiram para o município. No entanto, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal, a pista só foi liberada nesta quarta-feira, após uma limpeza e uma varredura, por conta dos objetos queimados durante todo o dia na manifestação. O motivo da mobilização foi a morte do ex-agricultor Juraci dos Santos Santana, 44 anos, na segunda-feira (10). Segundo eles, quatro homens armados invadiram a residência e dispararam vários tiros contra a vítima.

Na manhã desta quarta-feira, foi mais fácil observar os estragos causados durante o protesto. Um posto de gasolina que fica às margens da BR-101 não funcionou porque os caixas foram destruídos. Foram quebradas as placas de sinalização do posto e a loja de conveniência foi saqueada. Os manifestantes ainda tentaram atear fogo ao tanque de gasolina, até que foram impedidos pela Força Nacional.

Duas agências bancárias foram depedradas e não funcionaram. Também foram destruídos pedágios no trecho da BR-101. Por toda a cidade, são encontrados pedaços de pedras e estilhaços causados pelos conflitos do dia anterior.

Os militares do Exército que chegaram nesta quarta se reúnem durante a tarde, na sede da Polícia Federal, em Ilhéus, para discutir o esquema de segurança. De lá, a tropa seguirá para a cidade de Buerarema para garantir a segurança durante o velório do ex-agricultor, quando são esperados mais protestos. Ninguém foi preso, mas a PF afirma que identificou alguns suspeitos da depredação.

Governador comenta

O governador da Bahia, Jaques Wagner, informou em entrevista nesta quarta-feira (12) que conversou com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, com a direção do Ministério da Defesa e com a Presidente Dilma Rousseff sobre a situação na região.

“Cada um tem suas convicções, têm o direito de defender aquilo que acredita que é o seu direito. Agora, não pode fazer isso à margem da lei. Nem assassinando, como aconteceu com aquele produtor rural, e nós estamos na investigação, nem querendo depredar o patrimônio público, quebrando uma ponte de uma estrada tão importante quanto a BR-101”, disse o governador durante cerimônia de inauguração do complexo policial de Feira de Santana, a 100 km de Salvador.

O governador informou que deve enviar, nesta quarta-feira, um documento solicitando a chamada Garantia da Lei e Ordem (GLO) e que a tropa de choque foi enviada ao local como reforço para que a Polícia Militar não deixasse todos os postos devido a um único problema.

Wagner também comentou que se dirigiu ao gabinete de Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), e que é necessário que a Corte crie uma “normativa pacificadora” para a região. “O conflito existe e ele só vai ser terminado com uma sentença do maior terminal do Brasil, que é o Supremo Tribunal Federal. Enquanto isso não acontece, nós temos que ter um pacto de convivência”, disse.

Crime

O morador do assentamento de agricultores de Ipiranga, na zona rural do município de Una, foi morto na noite de segunda-feira (10). Em entrevista, no final da manhã desta terça, a esposa da vítima, Elisângela Oliveira, relatou o crime.

Ela conta que estava em casa com o marido e a filha de 17 anos, por volta das 21h, quando quatro homens armados invadiram a residência e disparam vários tiros contra Juraci dos Santos Santana, de 44 anos.

Elisângela relata que os suspeitos arrancaram a orelha do marido depois que ele estava morto. “Estávamos vendo a novela quando eles chegaram. Eles ainda colocaram fogo no nosso carro e ameçaram nos matar caso apagássemos [o fogo]. Passamos o resto da noite escondidas no mato. Realmente, nada vai bem por aqui”, desabafou Elisângela.

A área onde acontece o protesto está situada em uma zona de conflito entre agricultores e indígenas. O corpo do ex-agricultor ainda não foi necropsiado pelo DPT e só deve ser liberado na manhã de quarta-feira (12).

A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que tomou conhecimento do caso e que está acompanhando por meio da sua coordenação regional. “As circunstâncias e o envolvimento de indígenas no ocorrido ainda não foram esclarecidos”, disse em nota.

Reforço

O governador Jaques Wagner pediu ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a aplicação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para as regiões em que acontecem conflitos de terra entre índigenas e produtores rurais. O encontro foi realizado na tarde desta terça-feira (11), em Brasília. Wagner pediu atenção especial às cidades de Buerarema e Una.

 

 

 

Fonte: G1

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