Sistema silvipastoril garante alimentação ao gado e restaura vegetação

 

Fotos: Luiz Conceição

O produtor rural e pecuarista grapiúna Marcos Soares ficou satisfeito em participar dos debates sobre “Estratégias para Alimentação dos Rebanhos com Sistemas Silvipastoris e a Segurança Alimentar” durante o Simpósio para o Pacto Internacional Silvipastoril. A mesa-redonda reuniu pesquisadores das universidades federais de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, e do Recôncavo Baiano (UFRB); da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e da Ceplac, na manhã desta terça-feira, dia 6, no auditório da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), em Itabuna, no segundo dia do III Encontro Baiano de Agrossilvicultura (EBSAGS).

“Uma das coisas de que mais precisamos é repassar esse conhecimento para que o produtor rural se sinta estimulado à preservação ambiental. Nada custa se produzir e ganhar dinheiro, conservando os recursos naturais”, afirmou Marcos, que ainda sem ressente das consequências da seca que assolou o sul e sudoeste da Bahia há um ano e meio.

“Tivemos a perda de muitos animais na região de Itapetinga e também aqui em Itabuna. Certamente os estudos apresentados hoje nos fez ver que vivemos em uma nave espacial, com população que se renova a cada e necessita de comida. Então, se a gente não preserva, não terá condições de produzir, ter produtividade, ganhar dinheiro”, sintetizou.

O pesquisador da UFCG Jacob Souto apresentou experimentos que conduz com pastagens em sistema silvipastoril com bons resultados na região do Seridó, na Paraíba, onde a seca é absoluta. “Tem experimentos nossos que são aplicáveis aqui no sul da Bahia e vice-versa. Este EBSAGSo é uma boa oportunidade para que haja o intercâmbio de informações que beneficiarão diretamente ao produtor rural que é a ponta da cadeira que mais precisa de informações. A gente precisa fazer dia de campo para que se chegue a este objetivo”, acrescentou. Na região do norte paraibano o pesquisador faz a restauração de áreas com técnica inovadora e praticamente sem custos, já que todo o material utilizado é das próprias propriedades rurais ou de sua vizinhança.

Para o diretor do Centro de Pesquisas do Cacau da Ceplac, José Marques Pereira, as informações trazidas pelos pesquisadores são importantes. “Reaprendemos que devemos manejar melhor os ecossistemas, principalmente os de pastagens, mistos e silvipastoril para tirar melhor proveito quando as secas ocorrerem. Alguns dos ecossistemas de Itapetinga e Itaju do Colônia sofrem muito com a seca, com alta mortalidade de animais e degradação de pastagens”, salienta. E acrescenta: “Esses modelos e metodologias apresentadas podem ser útil diante dessas ocorrências cíclicas que resultam dos efeitos climáticos na Região Cacaueira”, destacou.

Marques lembra que, além de dar conforto ambiental aos animais, o sistema silvipastoril reduz o estresse da estiagem e garante a diversidade de componentes na área vegetal, tornando-se tolerante às adversidades climáticas. O diretor do Cepec relata que, em decorrência da seca, cerca de 50 mil animais morreram no polígono agropecuário do sul da Bahia, que vai de Gandu a Mucuri, o que significa 20% do rebanho. “Além disso, houve outras consequências como a redução de produção com a perda de peso dos animais e queda de reprodução severa, com baixo índice de nascimento de bezerros, visando à reposição do rebanho para engorda no ano seguinte. Então, há redução de riscos ambientais com sistemas agrossilviculturais, garantia de água no solo e maior sustentabilidade para o sistema de produção”, disse.

A mesa-redonda contou com a participação do presidente da Sociedade Brasileira de Sistemas Agroflorestais (SBSAFS) Ivan Crespo (UFPR) e de pesquisadores como PhD Santiago Cotroneo, da Escuela pra Graduados Alberto Soriano – Facultad de Agronomía – Universidad de Buenos Aires (FAUBA), que abordou o tema “Manejo de Pastoreo para Restauración Ecológica y Productiva de Bosque Nativos”, e trouxe experiência no manejo de pastagens no norte da Argentina. A pesquisadora UFRB, DsC Daniela Rebouças, falou de ações para diminuir o abismo entre o produtor rural e os cientistas, através da extensão rural. “As propriedades rurais podem ser utilizadas pela comunidade científica como forma de modelo para a difusão de tecnologias”, disse.

O III Encontro Baiano de Sistemas Agrossilviculturais é uma realização da Ceplac, Fundação Pau Brasil, Sociedade Brasileira de Sistemas Agroflorestais (SBAF), Grupo de Pesquisas em Conservação Produtiva, Instituto Biofábrica de Cacau e Sebrae. Conta com o apoio da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC); Governo da Bahia, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) e Secretaria da Agricultura, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri) – Plano ABC; Prefeitura de Itabuna, Biosementes – Plantando Soluções, CAPES, Módulo Rural, Professional Clean, Instituto Chocolatte, CDAC- Centro de Desenvolvimento Agroambiental e Cidadania, ECOM Interágricola, Instituto das Águas – Espaço Cidadão, AMURC e Gráfica Mesquita.

 

 

 

 

 

 

 

 

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