Porto Seguro: Natal de vendas fracas desanima pequenos comerciantes

Por Mara Magalhães

2012 não parece ter sido o melhor ano para o comércio em Porto Seguro. Bombando mesmo estiveram as vendas de celulares, com os smarts-phones no topo da lista de mais cobiçados, ganhando até dos tablets, que viraram objeto de desejo em todo o país. As franquias do segmento de perfumaria também tiveram loja cheia na semana que antecedeu o natal, especialmente na véspera quando fizemos essa matéria.

Quem ainda pode comemorar são as grandes lojas de varejo, com a chamada “linha branca” de carro-chefe. São centenas de refrigeradores, fogões, máquinas de lavar, micro-ondas e aparelhos de ar-condicionado que atraem clientes de toda a região. Incentivado pelas ofertas e facilidades de encher os olhos promovidas pela concorrência entre as redes, o consumidor não resiste à esse tipo de compra, trocando tudo e aumentando as dívidas. Tem pedido que só vai ser entregue depois das festas de fim de ano, porque a indústria não deu conta de entregar, relata um animado vendedor. Mas o fato é que, mesmo para esse segmento não foi possível bater a meta na maioria das filiais locais.

Em Porto Seguro, segundo o experiente Jefferson,  as vendas de eletro-eletrônicos ainda recebem um incremento extra do setor hoteleiro e de veranismo (aluguel de imóveis para temporada), que nessa época do ano costuma ampliar seus negócios ou trocar os equipamentos.

Ainda assim, esse não parece ter sido o melhor ano para o setor. Uma grande loja de rede inaugurada na cidade há cerca de seis meses, segundo a gerência, até agora não atendeu às expectativas.

Mas, a verdade é que para outros segmentos as coisas não foram animadoras. Andando pelo comércio o que víamos eram rostos desanimados, caso do comerciante Gilson, dono de uma pequena loja de brinquedos e presentes numa das principais artérias comerciais do centro da cidade. “As vendas estão muito fracas, cerca de menos 30%, comparadas com as do ano passado, que começou a aquecer a partir do dia 05 de dezembro. Esse ano o movimento só começou a melhorar ontem, já às vésperas do natal, ainda assim, foi pequeno. Para Eliane, à frente de uma loja de confecções a partir de 10 reais, na Av . Getúlio Vargas, as vendas caíram cerca de 30% em relação ao ano anterior, quando foi necessário mais duas vendedoras.

O cenário não era diferente em duas grandes lojas de calçados e mesmo as lojas de utilidades domésticas, que vendem produtos populares a partir de 1,99 e neste período têm suas vendas aquecidas com a procura de produtos natalinos (árvores, enfeites e pisca-pisca), não exibiam grande movimentação de clientes. “Tá meio devagar”, disse o vendedor Moabe, de 18 anos, há um ano trabalhando no segmento.

Para Ícaro, vendedor de uma revenda autorizada de celulares, as vendas de aparelhos foi acima do esperado, especialmente os smarts, cujos preços variam de 299 a 699 em média. “ A expectativa é que ainda melhore até o Ano Novo. Já a vendedora Ivaneide também acha que as vendas caíram em 30%, ao menos para o segmento de bolsas, malas e mochilas, carro chefe da loja onde trabalha.

A gerente de uma loja de rede que vende móveis e eletro-eletrônicos, Tatyana, há cerca de três anos na função, considera que as vendas não foram de todo ruins, mas destaca que no ano anterior o movimento foi maior. “A loja precisou colocar vigilância extra pra evitar que os consumidores fossem roubados, tamanha era a “muvuca”. lembra. “Mas, só mesmo depois do balanço vamos poder ter um comparativo real”, conclui.

Para a caixa de loja, Deizi, 24 anos, as vendas foram mesmo mais fracas em 2012. A preferencia do consumidor hoje, segundo ela, é pelo crediário da loja, que parcela em até 5 vezes sem juros. Depois vêm as compras no cartão e, por último, as compras vista.

Do ponto de vista do consumidor, o desaquecimento do comércio se deve a vários fatores , mas o principal é o endividamento. Dejanir, que é chefe de garçons, acha que mesmo com o dinheiro curto, as ofertas e facilidades são muitas e o cliente acaba comprando, muitas vezes mais do que a sua real capacidade de pagar.

Para Suzane, o brasileiro compra por empolgação. “A gente vê uma coisa aqui, outra ali, acha preço convidativo e acaba levando mais do que planejava. Depois tem que se virar pra pagar”.

 

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