O outono é cíclica e parece que as folhas largam no ar um cheiro de sono. E então estamos em outra primavera, onde cada folha é uma flor. Na minha varanda, um passarinho engraçado faz um bocado de barulho, mas esta beleza é estranha no centro de Salvador, onde com gritos estridentes de centenas de vozes, tem também a fumaça fuliginosa, da Av. Sete, com as ruas cheias de detritos distraindo as pessoas e obscurecendo o sol, até que ninguém mais se lembra de olhar para cima. Ninguém sente a mudança da estação e o toque delicado da mudança de estação.
Vivemos nos ciclos eterno das estações. Permaneço parado, no Porto da Barra, sentindo o último sol de verão indo embora, e pensando na música de Dorival Cayme “É doce o verão morrer no mar. Nas ondas verdes do mar”. Uma brisa sopra do mar. As folhas farfalham. Do outro lado, no Porto da Barra, barcos puxados na areia. Neste início de outono as areias do porto estão desertas e sujas: garrafas e resíduos de plástico. Gosto do outono porque ele é frio suficiente para refrescar o calor, e é quente o suficiente para aquecer o frio.