Fila em frente à Cidade do Rock tem convívio pacífico entre vários estilos.
Não há limites para o amor de um fã. Um grupo de mais de dez pessoas já estava, no começo da tarde desta quarta-feira (11), em frente à Cidade do Rock, na Zona Oeste do Rio, para garantir o melhor lugar para o show dos seus ídolos no Rock in Rio 2013. São muitos os perrengues até o grande dia; um morador de Porto Seguro, na Bahia, por exemplo, trouxe a cachorrinha para assistir o show da Beyoncé e foi assaltado assim que pisou em terras cariocas.
Mailton Santos, de 20 anos, é gerente comercial em Porto Seguro e veio para o Rio especialmente para o Rock in Rio. O amor pela “Diva Beyoncé”, como ele a define, o fez deixar tudo para trás e embarcar com a “filha”, uma cachorrinha yorkishire conhecida como Jade.
“Sou um fã maluco de Beyoncé. Sou aquele fã antes do número um. Eu adoro a sensualidade dela como cantora, como mulher. Ela é a diva das divas”, disse Mailton.
A viagem até o Rio foi longa e demorada. Mailton embarcou com Jade em Porto Seguro, fez escala em Salvador, São Paulo, Belo Horizonte e, por fim, no Rio de Janeiro. Sem saber chegar à Cidade do Rock, ele foi para na Rodoviária Novo Rio. Enquanto esperara condução para o Terminal Alvorada, na Zona Oeste, foi assaltado por três homens. Todas as malas foram levadas, sobrou apenas a mochila com as roupinhas e ração de Jade.
“Cheguei no aeroporto e depois fui pra rodoviária. Lá fui assaltado por três caras que falaram: fica quieto. Levaram as minhas duas malas com tudo meu. Eles queriam também levar a Jade, mas eu pensei: A minha filha não. Eu cheguei aqui todo travado, porque saiu no braço com eles”, garante Mailton. “Por sorte, os ladrões não levaram o ingresso, pois ele estava escondido dentro do colchonete”, afirmou.
A mineira Juliana Marques Seixas também está de prontidão na fila. “Eu transferi as minhas férias para o período de Rock in Rio para poder vir para os shows e conseguir ficar na fila”, disse a vendedora de Juiz de Fora.
Fã de Bom Jovi, Juliana já tem experiência em esperar. Em 2011, ele também esperou dias e dias para assistir Red Hot. “Eu durmo aqui, mas tenho um alojamento onde eu deixo as minhas coisas, onde posso tomar banho. Ter essa infraestrutura é melhor”, revelou Juliana.
Adriano Camilo Vieira, de 27 anos, é soldador e morador de Campo Grande, na Zona Oeste da cidade. Ele disse que queria ver todos os shows, mas não conseguiu comprar os ingressos. Fã de Iron Maiden, chegou nesta segunda-feira (9) e é o primeiro da fila. A façanha é uma repetição do que ele fez em 2011. “A gente na fila forma uma família. Temos até um grupo em uma rede social das pessoas que acamparam em 2011”, contou Adriano Camilo. Ele e Juliana garantem que continuam o contato após o fim do festival.
O soldador contou que não é avesso ao grupo que curte Beyoncé. “Eu gosto de algumas músicas dela. Depois que eu aguentei o pessoal do Rock In Rio 2011 que gostava de Kate Perry, eu aguento qualquer coisa. Está convivência está sendo no mínimo inusitada. Eu morro de rir com eles”, contou o roqueiro.
“A confraternização que a gente tem aqui é maravilhoso. É muita amizade. As pessoas compartilham tudo. A gente já ganhou até comida”, disse Juliana Seixas.
O modelo fotográfico Kauã Lucas, de 21 anos, é da Baixada Fluminense. Mesmo morando mais perto que os fãs de Porto Seguro e Juiz de Fora, ele diz que é melhor garantir o lugar no gargarejo para ver Beyoncé.
“Estou ansioso pelo show dela. Quero ficar muito pertinho dela para pelo menor tocar em um fio de cabelo”, disse Kauã.
O grupo está usando uma quitinete para tomar banho; na hora de dormir, eles se revezam em três barracas e quando a fome aperta, os lanchinhos dão conta.
Dando um ‘alô’
Alcir da Cunha, empresário, é morador da Zona Oeste do Rio. Nesta manhã, ele estava passando de bicicleta em frente a Cidade do Rock e encontrou o grupo que está acampado. “Eu gosto de pessoas, sou músico por hobby e quis parar aqui para conversar com eles. Eu adoro todos os tipos de música”.
Quando perguntado se acamparia para ver um ídolo, ele foi categórico ao dizer que não passaria por esse perrengue. “É um preço muito alto para cultuar alguém”, afirmou Alcir da Cunha.
Fonte: Mariucha Machado/G1