Justiça ordena demolir monumento da primeira missa do Brasil em Santa Cruz Cabrália

Justiça ordena demolir monumento da primeira missa do Brasil em Santa Cruz Cabrália
As estátuas são de cimento e cerâmica (Foto: Divulgação)

Na segunda-feira (19), a Justiça Federal emitiu uma decisão ordenando a demolição de um monumento turístico de Santa Cruz Cabrália a pedido do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan). O órgão alegou que as esculturas foram construídas sem licença.

O monumento reúne esculturas gigantes que representam a primeira missa realizada no Brasil. O local fica próximo da divisa com o município de Porto Seguro e é um atrativo para os turistas. Além da demolição, o juiz federal Alex Schramm de Rocha condenou o ex-prefeito José Ubaldino Alves Pinto a pagar R$ 50 mil em indenização por dano moral ambiental, contrariando o pedido feito pelo Iphan de R$ 100 mil mais multas.

O Instituto alegou no pedido de demolição que as esculturas foram erguidas entre o Oceano Atlântico e a BR-367, em uma área que é reconhecida como meio ambiente cultural. O órgão argumenta que, como a região é tombada, o município precisava de uma autorização para construir o monumento.

A sentença provocou um alvoroço na cidade. Segundo os comerciantes, as estátuas são um atrativo para os turistas. A artesã Kandara Pataxó disse para a TV Santa Cruz que tem medo de perder clientes. “Todos os turistas que compram na nossa mão, primeiro param aí (no monumento), fazem fotos e depois descem para comprar. Se demolir essas estátuas, aqui será apenas uma passagem para turistas”, disse.

Segundo o juiz, a construção provocou danos ambientais que consistem na poluição visual que as edificações causam ao cenário natural e histórico do local. Ainda segundo ele, a ação acaba por estimular a ocupação clandestina naquela área por outras pessoas, dando um mau exemplo para os cidadãos.

A prefeitura tem 30 dias, contados a partir da decisão, para demolir ou deslocar as construções. Caso a medida não seja cumprida, o munícipio será multado em R$ 10 mil por cada dia depois do prazo.

No processo, o município disse que a construção do monumento aconteceu de forma legal, que não houve prejuízos ao meio ambiente, e contestou a decisão, assim como o ex-prefeito.

O bispo diocesano da Costa do Descobrimento, dom José Edson Santana Oliveira, afirmou que o monumento foi construído sem que a Igreja tivesse sido comunicada. “De fato, a construção não faz parte do patrimônio histórico, ela é recente. Mas acho que não agride nada e ainda atrai turistas para tirar foto. O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) vai tirar por tirar.”

Dom Edson afirma que o Iphan não conhece a realidade local. “Se tirar (o monumento), nós vamos apresentar o que aos turistas? O monumento marcou a região, já é um ponto de parada. Os diretores do Iphan vêm de fora e derrubam as coisas sem respeito e sem nem olhar para a região. Eles têm que conhecer a realidade para não ir embora e deixar a gente com prejuízo”, afirmou o religioso.

O monumento, localizado no município de Santa Cruz de Cabrália, no extremo sul baiano, reúne esculturas gigantes que representam a primeira missa realizada no Brasil, em 1500. O local fica próximo da divisa com o município de Porto Seguro e é um atrativo para os turistas. O pedido do Iphan é de 2006.

 

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