Da série Arte no Sul da Bahia: A história do grupo de arte Canoatan, de Ubatã

Da série Arte no Sul da Bahia: A história do grupo de arte Canoatan, de Ubatã
Da série Arte no Sul da Bahia: A história do grupo de arte Canoatan, de Ubatã. Foto: Reprodução

Na década de 1980, Ubatã, cidade do sul da Bahia, vivia um momento de efervescência cultural. Os jovens ansiavam por formas de expressão artística, influenciados por movimentos como o rock, o punk e a Pastoral da Juventude da Igreja Católica. Esse ambiente foi o terreno fértil para o surgimento do Grupo de Arte Canoatan, fundado em 1º de janeiro de 1981 com o apoio da Paróquia de Todos os Santos.

As atividades do grupo eram diversas: peças teatrais, festivais, semanas culturais e eventos esportivos que atraíam não apenas o público de Ubatã, mas também visitantes de toda a região. O surgimento do Canoatan e o apoio dos casais mentores que desempenharam papel fundamental na formação e desenvolvimento do grupo: Binha Azevedo e Celene Nova, Tião e Elizeth, e Dr. Geraldo Bastos e Dra. Celeste Guimarães. Esses nomes tornaram-se referências marcantes na história cultural de Ubatã.

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Desde o início, esses incentivadores participaram ativamente dos ensaios, ajudaram na organização dos espetáculos e ofereceram suporte técnico e emocional. A proposta do Canoatan era evangelizar e formar cidadãos através da arte. O nome “Canoatan” foi sugerido por Humberto “Beto” Santana. A ideia era consolidar o grupo como uma associação cultural de base comunitária, inspirada por lideranças locais e religiosos.

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O Grupo de Arte Canoatan surgiu da antiga equipe de teatro ubatense. Naquela época, a paróquia contava com diversos grupos de jovens como o JUMEC, AUSC, AJA, JUSC e o Grupo de Oração. Uma assembleia propôs reorganizá-los em equipes de trabalho: liturgia, saúde, evangelização, e teatro, entre outras.

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A equipe de Teatro se destacou por seu caráter inclusivo e inovador, acolhendo até jovens não diretamente ligados à igreja, o que gerou certa resistência da direção paroquial da época.

A atuação cultural e social durante os anos 80, o Canoatan brilhou em diversas frentes: festivais de música da Diocese de Ilhéus, vencendo em 1984 com a música “Véu dos Tempos” de Beto Santana;  apresentação da peça “Teimosia dos Ilhéus” no Teatro Municipal de Ilhéus e organizou o Festival da Juventude Católica de Ubatã, com dez dias de teatro, música, poesia, esportes e arte. Também encenava a tradicional “Paixão de Cristo no Século XX” em frente à Igreja Matriz durante a Semana Santa.

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Segundo Clemilson Lima Ribeiro, o primeiro presidente do Canoatan, “essa mistura de arte, fé, juventude e engajamento político resultou em uma geração conhecida como “Geração de Ouro”: jovens que se tornaram profissionais éticos, pais e mães dedicados, e cidadãos comprometidos com a moral, a fé e os valores familiares. O grupo também influenciou diretamente conquistas sociais, como obras de infraestrutura urbana e resistência a leis impopulares, como a taxa de iluminação pública em 1984”.

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Fundamental na trajetória do Canoatan foi Paulo Katura, que assumiu a presidência do grupo em um momento estratégico de sua evolução e, ainda hoje mantém vivo o nome Canoatam. Com sua energia, carisma e espírito agregador, Katura deu continuidade ao trabalho iniciado pelos fundadores, consolidando o Canoatan como um verdadeiro celeiro de talentos.

Sob sua liderança, o grupo aprofundou ainda mais suas raízes comunitárias, ampliando parcerias e fortalecendo a identidade cultural de Ubatã. Katura incentivava a produção autoral, a participação ativa de novos membros e manteve vivo o ideal de que arte, fé e consciência social são inseparáveis. Seu papel foi essencial para manter o grupo em atividade por anos, mesmo diante das dificuldades logísticas e financeiras, sendo reconhecido por todos como uma liderança firme e inspiradora.

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Doutor Taurino Araújo, FOTO WIKIMEDIA COMMONS

Entre os presidentes do Canoatan, Taurino Araújo. Poeta, crítico literário,² advogado (UESC), jurista e Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais, é autor da obra “Hermenêutica da Desigualdade: uma introdução às ciências jurídicas e também sociais” (Del Rey, 2019), considerada uma epistemologia genuinamente brasileira 95 anos depois da Semana de Arte Moderna (1922).

A sua Magnum Opus é considerada uma Epistemologia genuinamente brasileira, afora o conceito de verdade absoluta.  “Celebrando 40 anos de poesia [publicação prevista para 2025], “Taurino Araújo apresenta uma obra com paisagens líricas que vão do átomo ao sertão e ao cosmo desafiando os limites da percepção com rigor filosófico e estético dignos de um semiólogo da alma”, escreveu a bibliotecária Maria Solange de Souza e Paula

O ex-presidente do grupo Canoatam, Taurino Araújo,  também organizou e publicou diversas obras relevantes como Signos em Transe: uma Fortuna Crítica sobre a Semiótica de Lícia Soares de Souza, este último reunindo mais de 62 autores brasileiros e estrangeiros de renome internacional.  A recepção em nível mundial da obra de Taurino Araújo contribuiu para projetar o nome do Grupo Canoatan internacionalmente, tornando-o conhecido nos quatro cantos da terra.

O Canoatan é lembrado com carinho e contribuição de alto impacto por toda uma geração que por ele passou e pela sociedade em geral. Seus incentivadores são considerados verdadeiros patronos da cultura ubatense. O grupo mostrou que a arte pode transformar a juventude e que o apoio entre gerações é essencial para o florescimento de projetos culturais duradouros.

A história do Canoatan comprova que é possível fazer arte e transformar vidas mesmo nas cidades pequenas, desde que haja paixão, organização e apoio comunitário. Nesse capítulo luminoso da história de Ubatã, brilham com destaque os nomes de Binha e Celene, Tião e Elizeth, Dr. Geraldo e Celeste Guimarães.

Fonte: Interiorano 

 

1 COMENTÁRIO

  1. Boa matéria, acompanhei como Professora de História da Rede Estadual do Colégio Estadual de Ubatã. Logo na mesma data, fiz parte do grupo de Teatro. Até por poucos meses fui atriz de uma peça teatral, orientada por Leonel Nunes; fiz palestras e acompanhei projetos, cursos, incentivando os alunos a participarem do grupo Canoatan. Parabéns para todos e todas.

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