Ainda são esperadas a abertura de 14.897 vagas em 2016. Em 2015, esse número era de 24.849
A corrida por um emprego público federal vai ficar mais difícil em 2016 depois que o projeto de lei do Orçamento da União reduziu em 40% a previsão de abertura de novas vagas para o Poder Executivo federal, a partir de novos concursos públicos. Com essa redução, a vida do concurseiro vai ficar mais difícil, já que a disputa por cada uma das oportunidades ficará bem mais acirrada.
Segundo informações do Ministério do Planejamento, responsável pelo projeto de lei, mesmo com a crise, ainda são esperadas a abertura de 14.897 vagas em 2016. Em 2015, esse número era de 24.849. No entanto, até agosto, pouco mais de 2 mil dessas vagas foram autorizadas pelo governo e apenas o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) realizou processo seletivo até agora.
O que é um cenário novo nestes últimos dez anos, como afirma o especialista em concursos Charles Peterson. “Tem que estudar sempre, independente da quantidade de concursos. Os fortes vão sobreviver”. Para ele, a estratégia do concurseiro é focar no mesmo cargo ou na mesma área e naquele concurso que realmente deseja passar. “É na escassez de concurso que o decidido vai se manter. Agora, ele precisa focar em um cargo ou em uma área”, recomenda Peterson.
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Menos vagas
Em 2013, foram ofertadas 48.055 vagas no Executivo federal e em 2014 foram 54.624. O corte de oportunidades entre 2015 e 2016, um dos mais acentuados nos últimos anos, é mais uma medida de ajuste dos gastos públicos. Ainda assim, a previsão é que o governo continue a gastar mais do que arrecada, já que a proposta da lei orçamentária do ano que vem estima um déficit nas contas do governo de R$ 30,5 bilhões. Se todas as vagas previstas forem preenchidas, o impacto nas despesas do governo será de R$ 1 bilhão, como assegurou o Ministério do Planejamento em resposta à reportagem.
Mesmo com a redução no número de oportunidades, a tão sonhada aprovação em um concurso público é o que faz a assistente administrativa Michele Carvalho varar a madrugada após chegar da faculdade e estudar até mesmo na hora do almoço, quando está no trabalho. “Mesmo que vá reduzir a quantidade de vagas, o concurso público ainda é uma garantia de estabilidade de emprego, ainda mais na crise. É uma saída, uma forma da gente se garantir”, afirma.
Atualmente, Michele está se preparando para a seleção do Banco do Brasil. “Vou concorrer à vaga de escriturária. Tenho estudado muito o tema de conhecimentos específicos”.
Mais concorrência
Ainda de acordo com o especialista Charles Peterson, o candidato precisa estudar pelo menos 6 horas por dia. A estratégia é treinar, e muito. “O estudo precisa ser ativo, ou seja, fazer muito exercício e manter os esquemas. O que manda em concurso público é praticar e fazer treinamento. A outra palavra é revisar. São estratégias determinantes”, ressalta ele.
Peterson chama atenção daqueles que se inscrevem em vários concursos sem preparação ou sem foco definido. “Existe o mito de que fazer prova de concurso a esmo é sempre bom para treinar. Mas não. Treinamento é em casa, durante a preparação. Na prova, o candidato tem que estar pronto”, argumenta.
Preparação que o técnico em audiovisual Eduardo Silva já tem feito há algum tempo, na expectativa do lançamento do edital do concurso público para o Senado (que é Poder Legislativo federal). “Estou esperando por isso há um ano. Mas eles estão segurando o edital por conta da crise. Nem mesmo o processo licitatório para a prestadora do concurso aconteceu”, observa.
O técnico já é funcionário público, mas com cargo de nível médio e, recentemente, foi aprovado no concurso de nível superior na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). “Passei em 2º lugar e estou aguardando o término da greve para ser nomeado”.
Por um salário maior, ele garante que continuará mantendo o ritmo dos estudos, vislumbrando conquistar uma vaga em Brasília. “O principal estímulo para o estudo é ver sua conta bancária com extrato vergonhoso e, além disso, olhar para a carteira de trabalho e ver o mercado ficando cada vez mais estreito”.
Estado e Prefeitura vão lançar novos concursos
Boas oportunidades também podem estar nas esferas estaduais e municipais, como sinaliza o especialista em concursos públicos, Charles Peterson. “Vale a pena prestar atenção em concursos ofertados pela Assembleia Legislativa, Ministério Público, Tribunal de Contas e Câmara Municipal, por exemplo”, diz. “Muitas vezes, eles pagam tão bem quanto os concursos federais”, completa.
A Bahia, segundo a Secretaria de Administração do governo, até o primeiro semestre de 2016, deve lançar edital para selecionar 7.131 professores dos ensinos fundamental e médio para subsituírem os que hoje são contratados por intermédio do Regime Especial de Direito Administrativo (Reda).
Já a Prefeitura Municipal de Salvador, de acordo com informações da Secretaria de Gestão, deve abrir no ano que vem 25 vagas para Defesa Civil e 60 vagas para gestor público municipal.
Priscila Natividade, com colaboração de Graciela Alvarez/Correio