“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos.” (Mateus 5.6)
Num mundo injusto é estranho que não sejamos todos sedentos e famintos por justiça. É estranho que a grande maioria sinta-se confortável. Mas é assim. Afinal, a injustiça não alcança a todos igualmente. Há hoje no mundo pessoas sendo feridas injustamente. Há multidões que estão sendo agredidas e tendo seus direitos negados. No Brasil não é diferente. Há pessoas honestas padecendo necessidades enquanto há corruptos e desonestos desfrutando de conforto e fartura escandalosa. Há crianças desassistidas e idosos em condições indignas, pois os recursos que deveriam assisti-los, e que já saíram do bolso dos contribuintes da nação, estão pagando mordomias de ocupantes de cargos públicos e ricos avarentos. Há muito que se poderia falar sobre injustiça, mas é melhor considerarmos a fome e sede que devemos ter por ela.
Jesus declarou bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça e disse que essa fome será satisfeita plenamente, com fatura. Há um Reino de justiça e eles o conhecerão e se fartarão. Ter fome e sede de justiça é não se conformar com a injustiça. É considerar que a injustiça praticada contra o próximo é injustiça praticada contra nós. Ter fome e sede de justiça é ansiar e trabalhar por mudanças. Não podemos dizer que estamos comprometidos com a honra a Deus se a injustiça não nos incomoda, pois ela ultraja a Deus. Ser justo envolver o compromisso de viver corretamente, mas também, e necessariamente, o de combater a injustiça. Ser justo é amar a equidade, pois todos devemos ser tratados como iguais perante a lei. A todos cabem os deveres e os direitos.
Nossa nação precisa de mais pessoas sedentas e famintas por justiça. Temos pessoas satisfeitas demais por pensarem somente em si e sentirem apenas as próprias dores. Faltam compaixão e compromisso cidadão. A falta de fome e sede por justiça tem multiplicado os famintos e sedentos por alimento, roupa, moradia, educação, saúde e segurança. Há muitos sem voz e por isso sem direitos. Isso não é novo. Há muito um silêncio tem prejudicado o mundo: O silêncio dos que desfrutam da justiça que falta aos outros. Por isso diz Provérbios: “Erga a voz em favor dos que não podem defender-se, seja o defensor de todos os desamparados.” (Pv 31.8). Termino esta devocional com as palavras do pastor batista Martin Luther King: “O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética… O que me preocupa é o silêncio dos bons.” Quando há fome, o silêncio é quebrado.
ucs