Empresas comandadas por mulheres faturam até 35% a mais que as administradas por homens

Elas estarão à frente de 48% das franquias abertas em 2015

Em 43% das empresas no Brasil há uma mulher à frente dos negócios – como proprietária ou uma das sócias. Foi o que mostrou estudo recentemente divulgado pela Serasa Experian, que concluiu ainda que o número total de brasileiras empreendedoras, atualmente, é de 5,6 milhões.

O levantamento também apontou que, do total de empreendedoras no Brasil, mais de 70% são sócias de micro ou pequenas empresas. Quando são contabilizados os empreendimentos do tipo Micro Empreendedor Individual (MEI), o percentual sobe para mais de 98%. Ainda de acordo com o estudo do Serasa Experian, as nordestinas empreendedoras correspondem a um percentual de 16,53%. A maior concentração de empresárias brasileiras é encontrada na região Sudeste, com 52,06% do total.

Franquias

Muitas dessas mulheres optam por franquias como negócio. De acordo com outra pesquisa realizada pela consultoria especializada em Franchising na América Latina, Rizzo Franchise, as mulheres já representam 42% de todos os franqueados do país. São 56 mil mulheres no Brasil operando franquias de diversos setores.

As previsões da pesquisa Perfil de Mulheres Franqueadas indicam ainda que a participação das mulheres no total de franquias que serão abertas em 2015 será de 48%.

Para o especialista em franquias e autor da pesquisa, Marcus Rizzo, o número é considerado alto e pode ser explicado por fatores semelhantes aos que ocorreram nos Estados Unidos já há algum tempo. “As mulheres conquistaram o mercado de trabalho, mas quando chegaram ao topo sentiram necessidade de voltar para perto de casa. É uma tendência que elas queiram se dedicar mais à família e aos filhos. A franquia possibilita isso”, diz Marcus Rizzo.

Além de estarem ocupando cada vez mais espaço, a pesquisa também revela que as mulheres faturam 35% a mais do que os homens em seus negócios próprios. “Elas são mais disciplinadas para aprender do que os homens. Além disso, possuem uma postura mais estável com a equipe de funcionários, gerando assim menor rotatividade de pessoal, e estão mais presentes no dia a dia do negócio, ao passo que os homens se ausentam mais e tendem a delegar a franquia para funcionários”, explica.

Independência

De jornalista a proprietária de centro estético, Lis Nunes revela que ser dona do próprio negócio foi uma forma de adquirir independência financeira. Há três anos, trabalhava como jornalista, em uma TV de Maceió, quando resolveu montar a Bordouir Esmalteria. “Meus pais são comerciantes e a veia do comércio cresce com a gente. Já pensava em ter meu próprio negócio no futuro. Quando casei, queria ter uma renda extra. Como tinha alguma reserva, abri a esmalteria e deixei a comunicação de lado”, lembra ela.

A loja se antecipou ao boom das esmalterias, que no Brasil aconteceu entre 2013 e 2014. Com apenas seis meses de negócio, Lis Nunes recebeu um pedido de compra de franquia, pesquisou como transformar a marca em sistema de franchising e ampliou a empresa. “Abrimos lojas franqueadas em Aracaju (SE), Londrina (PR), Imperatriz (MA) e Santa Maria (RS)”, enumera. À época, em 2012, a loja própria em Maceió chegou a um faturamento mensal de R$ 32 mil só com a venda de esmaltes e lucro médio de R$ 22 a 25 mil por mês.

Ela destaca ainda que ser empresária requer uma rotina puxada, mas também possibilita maior flexibilidade de tempo. “Eu vivo a empresa 24 horas. Mesmo assim, consigo administrar mais meu tempo. Vou para a academia, faço parte de um grupo na igreja, tenho tempo para namorar e fazer outras coisas fora do trabalho”, relata.

Empresária e mãe

Quem também se considera empresária 24 horas por dia é Cininha Lefundes, dona de uma loja da marca Carmen Steffens em Salvador. Ela conta que começou a trabalhar muito cedo, aos 17 anos, como prestadora de serviço em uma empresa de ações promocionais. Aos 20, decidiu que abriria sua própria agência de marketing, a Pétala Eventos. “Isso foi há 20 anos e há dois eu assumi a gestão da franquia Carmen Steffens no Salvador Shopping”, pontua a empresária, que complementa: “Enxerguei a necessidade de diversificar os meus negócios e acho que a franquia é algo mais seguro pela credibilidade e pelo fascínio que a marca exerce, principalmente sobre as mulheres”.

Sobre o espaço que a mulher ocupa atualmente no mercado de trabalho, ela diz que o segredo é ter paixão por aquilo que faz e aconselha outras mulheres a também empreenderem. “Tento me dedicar de maneira uniforme aos dois negócios e à família. Mas ainda é muito complicado para a mulher ter uma realização profissional e dar conta de tudo, da casa e dos filhos. Eu me considero uma pessoa viciada em trabalho. Sou ligada na tomada 24 horas”, diz Cininha. Ela revela ainda que quer para a filha o mesmo futuro. “Gostaria que minha filha também seguisse esse caminho, que ela fosse uma grande empresária, uma empreendedora na área que escolher”, conclui.

Herança

Para Ozana Barreto, o empreendedorismo feminino também é algo que passa de mãe para filha. Proprietária de dez lojas O Boticário em Feira de Santana, ela prepara seu legado há 31 anos, desde quando inaugurou a primeira franquia da marca no interior da Bahia. “Eu tenho uma filha única que também está no caminho do empreendedorismo. Já trabalha comigo e assumiu parte dos negócios”, conta.

A funcionária pública aposentada se encantou, na década de 80, com o presente que ganhou de uma amiga: um frasco de perfume e gotas coloridas contendo óleo de banho O Boticário. “Enxerguei a oportunidade de ter meu próprio negócio e uma renda maior. Achei que tendo outra coisa podia ganhar melhor, porque como funcionária pública não ganhava tão bem”, avalia a franqueada que é dona do segundo maior faturamento do Boticário no estado. “Hoje eu faturo 100 vezes mais do que podia estar ganhando somente como funcionária pública”, pontua.Perguntada se faria o mesmo caminho novamente na situação econômica do país hoje, ela aconselha: “Mesmo em tempos difíceis, vale a pena empreender. A mulher tem que buscar novos horizontes. Você tem que acreditar e trabalhar muito. Plantar é árduo, mas a colheita vem”, indica.

 

 

 

Fonte: Lucy Brandão Barreto/G1

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