Em apoio ao amigo com câncer, estudantes de medicina da Ufba raspam a cabeça

 “Não existem obstáculos que juntos não iremos superar”, disse um dos jovens

Muitas vezes acreditamos estar rodeados de pessoas que podemos chamar de amigos, mas raramente temos a chance de demonstrar o quanto alguém significa e faz parte de nossas vidas.

Solidariedade, apoio, amizade, boa ação. Essas palavras podem representar a atitude de um grupo de jovens da Universidade Federal da Bahia (Ufba) que decidiram raspar a cabeça em apoio a um amigo com câncer.

Cerca de 14 estudantes da Faculdade de Medicina da Ufba rasparam a cabeça na última semana e postaram fotos nas redes sociais com mensagens de força e apoio para a difícil luta que Erick Carvalho Pales, de apenas 22 anos, está enfrentando.

“Um pequeno gesto pra mostrar o quanto nos importamos com você, irmão. Não existem obstáculos que juntos não iremos superar, fé em Deus que você não está só nessa luta. Te amamos!”, escreveu um dos estudantes. “O gesto é pequeno perto do fardo que você tá carregando. Pelo menos estamos dividindo um pouco dele”, disse outro amigo do jovem.

“Pior notícia da vida”

Erick Carvalho Pales, é estudante de Medicina, natural de Vitória da Conquista e mora em Salvador há 3 anos. No final de 2014, ele começou a sentir uma grande dificuldade de ingerir alimentos e até mesmo de beber água.

Após passar por diversos tratamentos que não deram resultado, o jovem decidiu fazer uma cirurgia de retirada das amígdalas, na tentativa de melhorar a situação. Ao realizar um exame pré-operatório, já em março deste ano, o cirurgião descobriu um nódulo suspeito na amígdala de Erick e informou ao jovem que seria necessário realizar uma biópsia. “Fiquei tranquilo, na possibilidade de ser apenas uma suspeita”, disse o estudante à reportagem.

Infelizmente, o resultado indicava uma lesão de alto grau de malignidade sugestivo de linfoma e o tratamento seria através de sessões de quimio e radioterapia. “Enfrentar todos os efeitos colaterais relacionados ao tratamento não foi nada fácil. É como se o tempo tivesse parado, todos que estavam comigo desaparecessem, um milhão de pensamentos que se somavam, subtraiam, multiplicavam e dividiam ao mesmo tempo e só se resumiam a Câncer?? Eu? Como assim?”, revelou.

Na terceira sessão de quimioterapia, o futuro médico resolveu raspar os cabelos, que caíam constantemente. Apesar de toda a confusão de sentimentos, Erick viu que algo bom pôde surgir nesse momento que pode ser tão devastador.

Diversos amigos de faculdade resolveram raspar a cabeça para que ele não precisasse passar por esse momento sozinho. “Minha sensação ao me deparar com meus amigos se colocando no meu lugar, tentando minimizar meu sofrimento de alguma forma foi incrível. Sentir o amor de Deus através da vida deles me deixou muito feliz e mais preparado para enfrentar todas as dificuldades que virão”, disse emocionado.

“Além disso, a profissão que escolhemos exercer reflete muito esse cuidado e amor constante pelo próximo, se doando e se colocando no lugar do paciente, visando sempre seu bem-estar”. Quase três meses após descobrir a doença, Erick tenta manter sua rotina, mesmo com todas as dificuldades. “Eu deixei de comparecer aos hospitais onde tenho aula e estágio, mas tento conciliar com as aulas na faculdade com ajuda dos professores e dos amigos da sala”, disse à reportagem.

O estudante se demonstra confiante e afirma que amadureceu muito com a doença. “Hoje eu entendo perfeitamente o que estou passando e aceito isso como uma forma de crescimento em todos os aspectos da minha vida. Certamente, não serei o mesmo Erick de meses atrás”.

“Estarei sempre em evolução, afinal, o amor é contagioso, quanto mais você recebe, mais você que distribuir, esse é o legado deixado por todos que têm me acolhido”, acrescentou o estudante.​ A história de Erick tomou uma proporção nacional e chegou a ser divulgada no site ‘Uol’.

 

 

Iasmin Sobral/Correio

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