Risadas, comes, bebes e muita música. Uma festa entre amigos realizada num sábado de março não teria nada de anormal não fosse a motivação. Michell Denny Rossi chamou mais de 20 amigos para rasparem seu cabelo. Dias antes, os fios começaram a cair por causa do tratamento contra o Linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer no sistema linfático.
“Foi sensacional. E no final quatro amigos ainda rasparam a cabeça comigo”, lembrou animado. Para ele, o bom humor e o otimismo são suas principais ferramentas no combate ao câncer diagnosticado em dezembro do ano passado.
Ficar questionando, reclamando e vendo o lado negativo de tudo não vai levar a lugar nenhum. Por isso, absorvi tudo e aceitei. Aceitei que estou doente e que será preciso alguns cuidados para ficar bom novamente
Aos 29 anos, o funcionário público tirou licença do trabalho na prefeitura de Praia Grande (SP) para seu tratamento. A cada quinze dias, ele vem para a capital paulista para ter sessões de quimioterapia.
Por conta do tratamento, sua imunidade tende a cair e máscaras tornaram-se parte da vestimenta obrigatória para ficar em locais com muita gente. A quimioterapia terá de ser feita por seis meses.
Apesar das dificuldades, Rossi se apega ao lado positivo da doença. “Estou revendo amigos que eu não via há anos, minha família está muito mais unida e percebi que essa será uma ótima oportunidade para eu ser uma pessoa melhor. Sinceramente, ainda não achei coisa ruim do câncer. Já que ele existe, tenho que aprender algo com ele.”
Diário de Facebook
Para “facilitar a vida” de amigos e familiares, Michell recorreu ao seu perfil no Facebook para compartilhar – com ótimo humor – as etapas de seu tratamento.
Desde 23 de janeiro, quando anunciou publicamente que estava doente, cada etapa é um flash! Até eleição para nomear seu cateter – implantado numa pequena cirurgia para receber a quimioterapia – ele organizou. O nome mais votado foi “Quimicure”.
“Acho que muita gente quer acompanhar minha história a partir do câncer e a forma leve com que eu estou lidando com tudo”, contou.
Uma estranha bolinha
A jornada de Rossi começou em outubro de 2015, quando uma coceira no peito, tosse persistente e suor excessivo levaram-no a procurar um médico. Antes de que saíssem os resultados dos exames, uma bolinha surgiu em seu pescoço.
O jovem logo estranhou quando o médico do posto de saúde pediu para que ele fizesse uma tomografia computadorizada o mais rápido possível.
Fiz a pior coisa que alguém poderia fazer: comecei a pesquisar meus sintomas no Google. Achei que fosse morrer! Bateu um desespero gigante. Teria sido bem melhor se eu não tivesse feito isso. Pelo menos não ia sofrer por antecedência
Depois de uma biópsia, o médico confirmou o câncer. “Foi um baque bem forte. Estou no nível dois [de quatro], então não é o melhor de todos, mas também não é o pior. Nesse tempo eu acabei reforçando minha força espiritual e a minha fé. Decidi ser otimista e tenho 100% de certeza de que vou me curar.”
Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), órgão auxiliar do Ministério da Saúde, o Linfoma de Hodgkin pode atingir qualquer faixa etária. No entanto, é mais comum em pessoas com idade entre 25 a 30 anos. Estima-se que 2.470 novos casos da doença sejam diagnosticados em 2016.
Por Uol