Educadores e Arquitetos: Idealizadores do Advir

Educadores e Arquitetos: Idealizadores do Advir
Hamilton Farias de Lima, professor universitário. Foto OSollo

 “A construção do ser social, feita em boa parte pela educação, é a assimilação pelo       indivíduo de uma série de normas e princípios — sejam morais, religiosos, éticos ou de comportamento —, que balizam a conduta do indivíduo num grupo. O homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela”, Émile Durkheim (1858-1917).  

Há muito em comum um entre os dedicados à arte do ensino-aprendizagem e aqueles outros da arquitetura que, ao longo dos tempos, vão do planejamento à construção de meios a proteger o homem das condições diuturnas ambientais desfavoráveis, das intempéries, erigindo monumentos, criando obras e infraestruturas indispensáveis à vida, em todos os espaços da civilização.

Num mergulho na história, com imaginação, boa vontade e leveza de espírito, as ações de educadores e arquitetos se assemelham no tempo e espaço, com abrangência igualmente ampla a acompanhar e participar das vicissitudes do homem, nos seus variados meios.

A arquitetura é milenar, e ela surge na medida em que o homem procura sobreviver no ambiente em que habita e se vê refém dos obstáculos que o circundam, induzindo-o a utilização de sua capacidade reflexiva e criativa a fim de prover as condições necessárias a sua efetiva proteção, num ambiente hostil, e, a princípio, com meios disponíveis de natureza rústica e, na maioria das vezes, até grosseira.

Lucio Costa (1902-1998), um dos maiores nomes da arquitetura brasileira e mundial do seu tempo, e que está ligado umbilicalmente à elaboração do projeto urbanístico de Brasília, afirmava: “Arquitetura é antes de mais nada construção, mas, construção concebida  com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção”,( grifos nossos).

Ora, ora, ora, e a Educação busca o que?

Em estreito paralelismo com a arquitetura, a Educação preocupa-se com a construção sólida do homem crítico, ética e moralmente orientado; informado e consciente no espaço (nação, estado, região ou localidade) em que vive e se relaciona; como parte integrante e solidária com a máxima intenção de promover a sua comunidade, quer política, econômica ou social.

O educador é o artífice desse sonho de transformação e de elevação do homem (hominen augere), por suas ações e devotamento a uma das causas mais nobres da existência humana, a Educação, ao se comprometer e mediar saberes, na perspectiva do homem cidadão.

Dom Helder Câmara (1909-1999), um formidável brasileiro, que deixou seu nome registrado entre aqueles que enfrentaram incompreensões por suas lutas e por um Brasil mais igual e melhor, entendia que “Há criaturas como a cana: mesmo postas na moenda, esmagadas de todo, reduzidas a bagaço, só sabem dar doçura“.

Bem que tudo isto possa servir, também, de epíteto e, ainda mais, adoçar a autoestima de todos os que estão a idealizar um futuro melhor e, por suas ações, construindo um advir com esperança e qualidade.

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