“Levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a ficar aflito e angustiado.” (Marcos 14.33)
Precisamos de Deus e precisamos de pessoas. Deus nos criou de um modo que, por decisão dele, não nos basta a Sua suficiência, o Seu poder e o Seu amor. Creio que você me entende. O que quero é salientar que pessoas importam. Jesus ao enfrentar o momento crítico do Getsêmani procurou um momento de recolhimento em oração para derramar sua alma diante do Pai. Mas levou consigo seus discípulos mais próximos e, em sua angústia, desejou poder contar com eles. Quando nossa alma se angustia precisamos de Deus e precisamos de pessoas e devemos reconhecer isso. Pessoas em angústia precisam de Deus, mas precisam também de nós e devemos perceber nosso valor para elas.
Jesus não pôde contar com seus amigos. Falta-nos poder contar uns com os outros muitas vezes. No caso dos discípulos, eles não conseguiram compreender as palavras do Mestre e não se deram conta do que se passava. Jesus precisou enfrentar sua terrível angústia sozinho. Não compreendemos a seriedade do pecado e consequentemente não compreendemos bem o drama da crucificação. Mas nele vislumbramos a grandeza do amor e da salvação realizada por Cristo. Quem poderia compreender o que se passava com Jesus? Ele estava assumindo o nosso lugar, de todos nós. E qualquer de nós no lugar daqueles discípulos nada compreenderia sobre aquele momento. Mas temos condição de compreender melhor uns aos outros. E pecamos por não procurar compreender e servir quando a angústia chega para o nosso irmão.
O Evangelho envolve esses aspectos relacionais. A vida de Jesus em todos os seus aspectos faz declarações à nossa. Em sua vida vemos tanto o que a nossa é quanto o que deveria ser. Nem sempre lidamos com a vida com a clareza do quanto precisamos de Deus e das pessoas. Há quem tente substituir Deus pelas pessoas e quem tente substituir pessoas por Deus. As duas tentativas são equivocadas. Devemos aprender a reconhecer o lugar de Deus em nossa vida, tanto quanto o das pessoas. E devemos ser responsáveis com o nosso lugar na vida das pessoas, todavia, sem jamais pretender ser para elas o que somente Deus pode ser.
ucs