Criança desapareceu em 2012 após ação policial em um matagal na Bahia.
Três deles foram indiciados por homicídio e três por ocultação de cadáver.
Seis soldados da Polícia Militar foram indiciados pelo sumiço do garoto Maicon, de 9 anos, que desapareceu no início de dezembro de 2012, em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. O documento foi encaminhado pelo delegado Neuberto Costa, que investiga o caso, ao Ministério Público, na segunda-feira (13), mas a informação só foi divulgada nesta quarta (15).
Maicon desapareceu quando brincava com outras crianças em um matagal. A polícia estaria perseguindo um grupo de adolescentes supostamente envolvidos com drogas no momento do sumiço.
De acordo com a Polícia Civil, três PMs foram indiciados por homicídio e ocultação de cadáver e outros três pelo crime de ocultação de cadáver. A polícia afirma que os soldados integram duas guarnições “que, em 4 de dezembro do ano passado, estiveram no Condomínio Vila Sul, e atiraram num grupo de garotos, que retornava de uma lagoa próxima”.
Segundo o laudo da reconstituição do desaparecimento, os únicos tiros disparados durante o episódio partiram dos policiais militares. A polícia afirma que os seis PMs informaram que foram até o local atender uma denúncia de agressão a um adolescente, que teria sido agredido por traficantes. Após avistarem um grupo caminhando e, por suspeitarem tratar-se de criminosos, dispararam as armas, informou a Polícia Civil.
O delegado Neuberto Costa informou que as pessoas que estavam com o garoto Maicon foram impedidas pelos soldados de voltarem ao matagal para procurarem o menino. Segundo Neuberto Costa, a proibição foi feita também aos moradores da região, “que só tiveram acesso ao local uma hora depois”.
A Polícia Militar informou que um processo administrativo foi instaurado pela Corregedoria para apurar o caso.
Exame e reconstituição
No dia 8 de maio, o delegado Neuberto Costa informou que a mancha de sangue encontrada no matagal em que desapareceu o garoto Maicon, pertencia ao menino. No dia 7, o Departamento de Polícia Técnica de Vitória da Conquista recebeu o laudo da reconstituição do desaparecimento do menino, realizado no dia 19 de fevereiro.
O momento do desaparecimento foi refeito por peritos do Departamento de Polícia Técnica de Salvador, e envolveu parentes de Maicon e as crianças que estavam com o menino no dia do desaparecimento. O delegado Neuberto Costa, e o promotor Carlos Robson Leão, da Vara do Júri, acompanharam o procedimento.
O avô de Maicon foi o primeiro a entrar no local, que foi isolado por policiais. Ele mostrou aos peritos onde foi encontrada a mancha de sangue. Policiais militares que também estiveram no local no dia do desaparecimento de Maicon foram ouvidos.
Investigação
Um menino de 12 anos, que estava com o garoto na última vez em que ele foi visto, contou uma versão de como tudo aconteceu. “Teve uma hora que nós olhamos para trás e não vimos ele, foi a hora que começamos a correr e a polícia começou a atirar. Teve uma hora que passou pelo policial e ele mandou abaixar”, disse.
Já são quase três meses desde o dia do desaparecimento. A família está angustiada e aguarda por uma resposta do que aconteceu com o menino.
“Tem que desvendar esse mistério, eu quero uma resposta, como ele está, onde está, onde ele estiver nós queremos uma resposta”, conta Eunice Lima, avó de Maicon.
“É muita dor, muita tristeza, sinto falta de meu filho, peço para quem viu ele, quem estiver com ele, que possa trazê-lo de volta”, disse Osana Batista, mãe do garoto.
Fonte: G1