Menino Maicon desapareceu durante abordagem da polícia em Conquista.
Seis policiais foram indiciados. Primeira audiência do caso ocorre no dia 18.
O desaparecimento do garoto Maicon, de 9 anos, em Vitória da Conquista, região sudoeste da Bahia, completa um ano nesta quarta-feira (4). Ele brincava com outras crianças quando desapareceu durante uma operação policial.
Seis soldados da Polícia Militar foram indiciados pelo sumiço do garoto. Uma audiência está marcada para o dia 18 deste mês, na Vara do Júri de Vitória da Conquista, com policiais, familiares e demais testemunhas.
Esta será a primeira audiência e a família foi avisada. “Um ano completo e nada foi resolvido. Nós sentimos muita falta dele. Fica difícil até falar”, conta o avô, João Novais, que acrescenta que a família sente muita saudade.
A avó da criança chora enquanto diz que tem esperanças de ainda encontrar o neto e conta que lembra dele quando os colegas saem para brincar na rua. “Tudo faz falta, desde a hora que ele acordava até a hora de dormir. Ele ia comigo para a igreja. Minha esperança é encontrar ele em algum lugar. De estar assim, andando pela rua, e ele vir em minha direção. No meu coração, Deus guardou meu neto e, em breve, ele vai aparecer. Fico triste quando vejo os coleguinhas dele saindo para brincar. Muitas noites fico acordada até 1h esperando que ele volte”, afirma Ionice Novais.
Ela afirma que lembra do dia em que Maicon desapareceu. “Ele chegou da escola, falou que não queria almoçar e disse assim: ‘Mainha, eu não quero almoçar. Quero tomar café com pão’. Então, depois que terminou de comer, foi para rua brincar e nunca mais voltou”, relata.
Tiros da polícia
Segundo o laudo da reconstituição do desaparecimento, os únicos tiros disparados durante o episódio partiram dos policiais militares. A polícia indica que seis PMs informaram que foram até o local atender uma denúncia de agressão a um adolescente, que teria sido cometido por traficantes. Após avistarem um grupo caminhando e, por suspeitarem tratar-se de criminosos, dispararam as armas, informou a Polícia Civil.
O delegado Neuberto Costa informou que as pessoas que estavam com o garoto Maicon foram impedidas pelos soldados de voltarem ao matagal para procurarem o menino. Segundo Neuberto Costa, a proibição foi feita também aos moradores da região, “que só tiveram acesso ao local uma hora depois”.
Exame e reconstituição
No dia 8 de maio, o delegado Neuberto Costa informou que a mancha de sangue encontrada no matagal pertencia ao menino. No dia 7, o Departamento de Polícia Técnica de Vitória da Conquista recebeu o laudo da reconstituição do desaparecimento do menino, realizado no dia 19 de fevereiro.
O momento do desaparecimento foi refeito por peritos do Departamento de Polícia Técnica de Salvador e envolveu parentes de Maicon e as crianças que estavam com o menino no dia do desaparecimento. O delegado Neuberto Costa e o promotor Carlos Robson Leão, da Vara do Júri, acompanharam o procedimento.
O avô de Maicon foi o primeiro a entrar no local, que foi isolado por policiais. Ele mostrou aos peritos onde foi encontrada a mancha de sangue. Policiais militares que também estiveram no local no dia do desaparecimento de Maicon foram ouvidos.
Investigação
Um menino de 12 anos, que estava com o garoto na última vez em que ele foi visto, contou uma versão de como tudo aconteceu. “Teve uma hora que nós olhamos para trás e não vimos ele, foi a hora que começamos a correr e a polícia começou a atirar. Teve uma hora que passou pelo policial e ele mandou abaixar”, disse.
Fonte: Maiana Belo/G1