A biópsia é um exame que consiste na retirada de um fragmento de uma parte do corpo. Fiz quando tive “Síndrome de Guillain-Barré”. “Por cautela”, foram as palavras do médico quando sugeriu a biópsia. Foi um procedimento doloroso e humilhante, em que tive que ficar de bruços numa maca com a calça jeans arriada até o tornozelo. O médico limpou a região lombar com iodo enquanto explicava que o osso pélvico, rico em medula, era o local mais adequado para a biópsia. Ele injetou lidocaína na minha lombar e foi enfiando a agulha cada vez mais fundo, até chegar ao osso. Embora as camadas mais superficiais da pele estivessem anestesiadas, ainda assim iria doer, disse o médico. Trinquei os dentes enquanto ele enfiava uma agulha fina no osso e aspirava as células, num movimento de sucção rápido e nauseante. Quando ele cortou um pedaço pequeno e sólido da medula, mordi a parte de dentro da minha bochecha, sentindo o gosto de sangue. Depois que terminou, fiquei sentado, tonto, com as costas latejando e um curativo sobre o local da biópsia. O resultado, felizmente, foi negativo para malignidade.