Vício em redes sociais, mau humor, TPM incontrolável, colega de trabalho puxa-saco, dias de preguiça ou até sofrência pelo rebaixamento do time de coração. Quem nunca desejou uma dose de remédio para curar estes e outros momentos? Se essa dose for acompanhada de chocolate, melhor ainda.
Apaixonado por criar, o analista de sistema e designer Antônio Paranhos adicionou o humor a esta ideia e inventou a Chocolaterapia do Chef. O conceito do negócio? Combinar nomes de remédios a situações ou características na busca da cura. O rivoltrado, por exemplo, é receitado para pessoas que vivem reclamando da vida.
A ideia surgiu em 2005. Funcionário de uma agência de publicidade, Antônio formatou o projeto para a venda de um produto, mas não foi aprovado. “Coloquei na gaveta, mas não o esqueci. Sabia que iria usar em algum momento”, conta. Em 2013, Antônio, apelidado de Doutor do Sorriso, iniciou a divulgação dos “remédios”. BahiaPrazol, VitóriaPrazol, ViagraDeiro, Chocospirina, TPMoff e PeidaZol são alguns dos comprimidos feitos de chocolate disponíveis na farmácia da Clínica do Sorriso. O vício e dependência das redes sociais e dos aplicativos de smartphone não foram esquecidos pelo doutor.
O WhatsZepam, para viciados em WhatsApp, surgiu da observação de Antônio em uma confraternização de amigos. “Estavam todos na mesa do restaurante grudados no celular. Ninguém conversava. A interação era só com o WhatsApp”, relembra. A ideia do baiano caiu no gosto dos clientes e fez sucesso nas feiras de gastronomia e moda de Salvador, como Mercado Iaô e A Feira da Cidade.
O “medicamento” chegou a ser copiado por outras pessoas. Recentemente, o publicitário carioca Marcelo Azevedo disse, em entrevista ao O Globo, ser o criador do produto. Esta é a terceira vez que Antônio encontra cópias dos seus remédios sendo comercializados sem autorização. “Fiquei triste e envergonhado com a situação. Usaram o design semelhante e copiaram as frases de efeito. É muita cara de pau”, reclama. Antônio entrou em contato com a redação do iBahia para recobrar a autoria do produto, todos registrados em cartório.
Depois do WhatsZepam, foi a vez oferecer a cura os viciados em Facebook e Instagram com FaceZepam e Instagramicina. A brincadeira fez sucesso e os pacientes encomendam cápsulas de chocolate para casamentos, formaturas, confraternizações e festas em geral. É só pedir o desenvolvimento de um remédio específico que o Doutor do Sorriso providencia. Em tempos de rotina corrida e estressante, uma dose de humor e chocolate acabam com o problema de qualquer um.
Hobby que vira negócio
Apaixonado por gastronomia, Antônio Paranhos deixou o emprego em uma agência de publicidade para se dedicar ao sonho. Os primeiros produtos fornecidos pela Chocolaterapia do Chef foram tortas e brigadeiros gourmets. Porém, foi com a ideia guardada na gaveta que o negócio alavancou. Junto com os remédios de chocolate veio o conceito e diferencial do empreendimento: tratar todo tipo de mau humor com os doces. A produção dos remédios é de acordo com a demanda de pedidos dos clientes.
Antônio conta que, além dos medicamentos já criados, recebe encomenda para elaborar e personalizar o produto para festas de todos os tipos ou como forma de divulgar outro produto. Sem espaço fixo, a Chocolaterapia do Chef atende em feiras. O principal parceiro é o Mercado Iaô, que acontece na Ribeira e teve a primeira edição em dezembro de 2014. O objetivo do evento é dar acesso aos empreendedores individuais ou coletivos da economia criativa de Salvador ao mercado.
O stand da Chocolaterapia do Chef é conhecido como Clínica do Humor. Nela, atores fazem o papel de doutores do humor e receitam o medicamento ideal para as “queixas e doenças” do paciente. O teatro é uma estratégia de venda. Os atores são vendedores e envolvem o cliente com simpatia e brincadeiras. A atuação no Mercado Iaô, entre 2015 e 2016, gerou a receita bruta de R$ 25 mil. Em grandes eventos, são necessárias até seis pessoas na equipe.
A maior procura pelos produtos acontece em datas comemorativas. Dia das Mães, Dia dos Namorados e Natal, por exemplo, geram a produção de cerca de 1.500 unidades. O carro-chefe são os remédios para os viciados em redes sociais. Os produtos custam entre R$ 5 e R$ 15. Os desejos para o futuro? Uma loja física em um shopping da cidade focada nos remédios de chocolate e um stand com os produtos em uma pâtisserie – tipo de padaria francesa especializada em bolos e doces – de Salvador.