Nos anos 1970, quando eu tinha treze anos, em Queimadas, cidade no sertão onde passei parte da minha infância, havia uma ponte no rio Itapicuru, hoje abandonada, já que destruíram os serviços ferroviários, optando pelas rodovias. Minha lembrança sólida mais antiga foi ver o trem passando, resfolegando e soltando fumaça, como um dragão de ferro preto, indo em direção a Alagoinhas. Naquela época, o céu azul parecia sugar a voz viva da minha garganta de criança. Há muita crueldade neste mundo. Mas também há várias coisas belas, e a ponte era bela naquele cenário do sertão.
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