A IGREJA, OS PECADOS E OS PECADORES

“Vocês sabem que ele se manifestou para tirar os nossos pecados, e nele não há pecado.”

(1 João 3.5)

A questão do pecado tem sido o tema dominante na igreja ao longo da história. Mas talvez de uma maneira distorcida. A igreja assumiu fortemente o papel de repressora do pecado mas, ao mesmo tempo, tornou-se vítima dele. Lidamos com o pecado pela via errada. Jesus disse que não veio chamar justos, mas pecadores ao arrependimento (Lc 5.32). Em Mateus 9.13 lemos: “Vão aprender o que significa isto: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios’. Pois eu não vim chamar justos, mas pecadores”. Jesus disse que seu caminho é o da misericórdia: não tratar pecadores em função de seus pecados, mas trata-los com amor. Foi o que Ele fez com os discípulos e isso os transformou. Não da noite para o dia, levou tempo. Talvez possamos considerar que eles de fato tenham se convertido a partir da ressurreição e com o pentecostes. E seguiram por toda a vida sendo aperfeiçoados. Essa misericórdia de Deus revelada em Cristo os beneficiou e beneficia a todos nós e é por isso que podemos seguir com Ele e sermos igreja. A igreja é fruto do amor e misericórdia.

Em Cristo não há pecado, Ele jamais pecou, mas compreendeu e amou todos os pecadores. Ele chorou diante da dureza de coração que viu nos judeus (Mt 23.37). O pecado e a resistência dos pecadores não causaram irritação em Jesus, tanto quanto o orgulho e prepotência dos religiosos judeus. Fico pensando como nós, seus seguidores, pessoas que pela fé nele fomos feitos filhos de Deus, temos lidado com o pecado em nossa própria vida e na vida dos outros. O primeiro problema é que há pecados que não nos incomodam e há outros que não toleramos, principalmente na vida dos outros. Definitivamente não temos condições de julgar, não conhecemos o coração dos outros e, algumas ou muitas vezes, nem mesmo o nosso coração (Jr 17.9). Mas temos todas as condições para amar e ser misericordiosos, pois temos sido amados e temos recebido misericórdia. Nossa força como igreja está no amor e na misericórdia, e não no julgamento.

A igreja deve ser capaz de caminhar com pecadores assim como Cristo caminhou. Até porque ela é composta por pecadores. É Cristo quem tira os pecados de pecadores e não a igreja. A igreja, comunidade dos que foram alcançados por Cristo, também deve aceitar ser a comunidade dos que podem vir a ser alcançados. A comunidade dos que conhecem o poder regenerador de Cristo também deve ser a comunidade dos que ainda não experimentaram esse poder. A igreja não deve desistir de pessoas até que sejam regeneradas e ainda que não sejam. O chamado da igreja é para que testemunhe da graça, da misericórdia e do amor de Deus, e não para que, em nome de Deus, decida quem merece essa graça, misericórdia e amor. Devemos nos lembrar de que o sinal inequívoco de que estamos sendo libertos, é o amor. A Deus e aos demais pecadores. O pecado sai da vida e da igreja na medida exata em que o amor se manifesta. É assim nascem os santos. Santos são pecadores vencidos pelo amor de Deus!

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