Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos.” (Salmos 19.1)
A teologia fala da revelação natural de Deus e da revelação especial. A primeira refere-se ao mundo criado e a segunda, às Escrituras. Este salmo fala das duas. Do verso 1 ao 6 fala da revelação natural. Assim como uma música revela algo sobre o autor, uma pintura sobre o pintor, o mundo criado possibilita-nos compreender algo sobre Deus, o Criador. O salmista percebeu isso. As muitas formas, cores, seres… são inumeráveis as fontes de revelação. O ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, não está excluído. É tanto fonte, quanto consumidor dessa revelação. Sempre pesquisando, inquirindo, experimentando e revelando-se. Do verso 7 ao 11 o salmista fala sobre a revelação especial de Deus. Outra fonte de conhecimento do Criador. Ele fala das características dessa revelação e dos efeitos dela na vida humana. Dos versos 12 ao 14 o salmista fala de si mesmo. De sua atitude diante da revelação de Deus, tanto a natural quanto a especial. E essa parte é essencial para nossa edificação.
Como cristãos nos especializamos em encontrar sentido e compreender o significado da revelação especial de Deus. E não há como minimizar a importância disso. Pelo Espírito Santo podemos encontrar vida e crescer na relação com Deus por meio dela. Mas nos tornamos cegos para a revelação natural de Deus. Ignoramos quase que completamente o seu significado e lugar em nossa espiritualidade. Alguns foram além: veem o mundo criado, a vida e tanta coisa nela que poderia ser uma fonte de vida com Deus como forças antagônicas à sua espiritualidade. Não celebram e nem reconhecem o valor da revelação natural de Deus. Ignorando que a Bíblia, a vida e o mundo criado, precisam ser lidos juntamente. A falta disso, inclusive, propicia equívocos sérios para a compreensão de qualquer dessas fontes. Jesus usou os lírios e as aves, o trigo e o joio, as ovelhas e as parreiras, o vinho e os odres, as crianças e os trabalhadores como material teológico! Jesus não se antagonizou com a vida, com a natureza, com o ser humano.
Como é difícil quando nossa visão e mente se estreitam na expressão de nossa fé. Esse estreitamento aciona nossa paixão e bloqueia nossa mente. Não conseguimos ouvir, compreender ou ver. Alguns chegam a ser violentos em nome de Deus, julgando estar servindo a Deus! São antiéticos, agem como juízes da vida alheia e acreditam estar sendo fiéis a Deus! Infelizmente a história, passada e presente, está cheia de exemplos lamentáveis sobre isso. Elias, o profeta, descobriu que o Deus que responde com fogo (1 Rs 18.38) era também o Deus que se revelava numa brisa suave (1 Rs 19.12). A Pedro foi dito que não chamasse impuro o que Deus havia purificado. E precisou ir à casa de Cornélio para aprender que Deus era Deus também dos gentios e entender que o Espírito Santo não estava submetido à suas ideias religiosas. Como você tem vivido sua fé? Ela tem emancipado você, lhe capacitado a ouvir, pensar e aprender? O seu Deus está isolado numa caixa ou presente em todo lugar?