“Senhor, o meu coração não é orgulhoso e os meus olhos não são arrogantes.” (Salmos 131.1a)
Orgulho e arrogância são coisas que normalmente não gostamos. Nos outros! Muito facilmente, porém, podem se manifestar em nós. Um lugar em que facilmente aparecem é no trânsito. Uma das razões, talvez, seja porque o carro é para muitos um símbolo de poder. E quando nos sentimos poderosos, quando reagir e atacar é algo que depende apenas de nossa escolha, nosso coração torna-se um lugar fértil para as sementes do orgulho e da arrogância. E elas germinam e frutificam muito rapidamente. Orgulho é uma satisfação exagerada que sentimos a respeito de nós mesmos, uma forma adoecida de nos valorizar que nos torna resistentes a tudo que não confirma isso. Arrogância é irmã gêmea do orgulho. É a voz e as ações de um orgulhoso. A arrogância é o exercício de um direito, poder ou privilégio que julgamos ter, mas que não temos. A imposição de um respeito a que julgamos merecedores, mas estamos enganados.
O orgulho é ardiloso e utiliza-se de várias formas para nos dominar. Ele não sede facilmente e se manifesta pela arrogância e suas múltiplas faces. Um arrogante tanto pode gritar como firmemente calar-se. Tudo por arrogância. Um arrogante tanto pode “não arredar o pé” quanto abandonar, virando as costas sem olhar para trás. Às vezes a arrogância manifesta-se imitando a humildade, mesmo sendo justamente o oposto dela. Ela é guiada pelo orgulho, que é o pecado matriz do caráter de Satanás: “Seu coração tornou-se orgulhoso por causa da sua beleza, e você corrompeu a sua sabedoria por causa do seu esplendor. Por isso eu o atirei à terra; fiz de você um espetáculo para os reis.” (Ez 28.17) Satanás certamente se sente à vontade com os orgulhosos e arrogantes. Podemos dizer às pessoas que não somos nem uma coisa nem outra. Mas poderíamos dizer isso a Deus, como fez o salmista? Ele vê a verdade que nós mesmos ignoramos ou tentamos negar.
O coração orgulhoso afeta o modo como penso em mim e os olhos arrogantes, o modo como vejo você e interpreto a vida. Nenhum dos dois é uma condição irresistível. Cabe a mim perceber o orgulho e a arrogância e escolher resistir e mudar. Cabe a cada um de nós escolhermos o caminho da humildade e da simplicidade. Isso não tem a ver com nossa condição, com nossas posses, mas com o modo como nos vemos e reagimos ao outro. A humildade e a simplicidade não são atributos naturais. Dependem do caráter que escolhemos nutrir. Pode não ser fácil vencer o orgulho e a arrogância, mas é plenamente possível e é um dever cristão. Afinal, somente crianças entrarão no Reino dos céus. E elas não combinam com orgulho e arrogância. Talvez você ainda não possa dizer como o salmista, mas pode pedir a Deus e esforçar-se para ser humilde.
ucs