Vilarejo

Vilarejo

Viajando pelo sertão da Bahia, passamos por um vilarejo, onde tudo era seco, soube que os moradores viviam do Bolsa Família, parecia estar às margens da vida. Aquele conjunto de casas não se parecia com uma cidade. Eram construções dispersas, obstinadas em alcançar algum retalho do céu sujo, sem pássaros. Casebres com janelas mesquinhas e tijolos expostos. Viver só desta ajuda do governo é uma acomodação, lembrei do provérbio chinês “Não dê um peixe a um homem, ensine ele a pescar” e de uma lição de Alain Touraine, sociólogo francês, que disse um dia: “Aqueles que pensam que sabem o que vai acontecer no Brasil devem estar muito mal-informados”.

Lembro que vi um homem descalço, sentado na porta do casebre, onde parecia arrastar uma tristeza assim como um cometa arrasta sua estrela. Foi o único ser humano que vi. O mormaço e o silêncio soavam suspeito e dava a impressão de que não havia trabalho e que todos dormiam em plena tarde de segunda-feira. Estava desacostumado nos últimos tempos com a tranquilidade da zona rural, nada de grilos ou alarmes de carro na rua lá fora, apenas silêncio.

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