A vida é, antes de tudo, uma coisa curta. Na maior parte dos casos, o que fizemos de mal foi feito a caminho do bem. O amor, o lucro, um pouco de paz são coisas que perseguimos com intensa paixão. É um mundo eterno. E sei que sou eu que tenho de morrer. Mas dentro desta grande espera total, que é o modo de se estar sendo, eu peço trégua.
Estes dias de transição entre um governo e outro, e da derrota da seleção, gostaria que o tempo começasse a tremer em fino espasmo, principalmente esta agonia da indefinição, para que também eu tenha paz, principalmente, no Natal, o momento de tanta inquietação apenas suando na morna febre do agora. E neste fim de ano, não quero estar em agonia. É sob o grande olho acordado do mundo que tenho buscado minha paz, mas não quero viver meus dias em estado crepuscular, perdendo completamente o interesse pelo que me rodeia, e mergulhar numa realidade fantástica que substitua por completo o mundo dos vivos e cumprir as tarefas por força do hábito, mas sem alma estando ausente de tudo, quero ir pela vida sem direção marcada, tendo todos os caminhos e sendo uma presença viva, desfrutando do prazer de viver.