É bom pegar um avião e dar um giro por aí, descansar um pouco do Brasil, dos engarrafamentos, esse desconforto do povo. Descansar da gente mesmo. Uma viagem é trocar a roupa da alma. Claro que em qualquer lugar, ou qualquer cidade do mundo existem problemas, mas eu não tenho nada há haver com isto, vamos passando, de alma limpa, nova, indiferente. Mas contra este sonho há uma realidade vil: o preço do dólar.
Estive em Roma, alugamos bicicletas e saímos a pedalar pela cidade às 6h da manhã de um sábado, apenas para desfrutar o vazio das ruas, sem trânsito, sem turistas, sem barulho, apreciando detalhes que costumam passar despercebidos em meio ao tumulto. Viajar é a arte do improviso. Com nossos pensamentos, com nossos receios novos, e dispensando os antigos. Em Nova York, lembro dos reflexos do sol nos arranha-céus onde conferiam um ar irreal a skyline, destacando os prédios, evidenciando detalhes ínfimos, como nas pinturas hiper- realistas. Estes que capturavam a realidade com uma profusão de reflexos amarronzados.
Era estranho como não se percebia o sol em Nova York. O barulho de milhares de vozes, a fumaça fuliginosa, as ruas cheias distraiam as pessoas e obscureciam a paisagem até que ninguém mais se lembrava de olhar para cima. Ninguém mais sentia o toque delicado do sol. Mas nós eramos apenas turistas e esta realidade passageira.