Veto ao acarajé na Copa 2014 repercute no País e exterior

A polêmica sobre a proibição da presença das baianas de acarajé na Arena Fonte Nova, em Salvador, durante a Copa de 2014, pela Fifa, ganhou visibilidade internacional e até música do compositor PQD da Portela, famoso sambista da escola de samba carioca. A repercussão é fruto de diversas manifestações.

No final de outubro, um abaixo–assinado foi hospedado na plataforma internacionalmente reconhecida Change.org, pela presidente da Associação das Baianas de Acarajé e Vendedoras de Mingau (Abam), Rita Santos. Em apenas um mês, foram angariadas 7,5 mil assinaturas. O abaixo-assinado foi direcionado ao ex-jogador Ronaldo (“Fenômeno”), membro do Comitê Organizador Local da Copa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mídia

Entre os dias 2 e 20 de novembro, o assunto foi destaque em sites internacionais. No site americano CBN News, uma manchete do dia 4 de novembro destacava: “Fifa sofre pressão para permitir sanduíche nativo do Brasil em estádios da Copa de 2014”. A mesma manchete ocupou espaço nobre do site alemão Sport Balla, no dia 10 de novembro.

Apenas no noticioso Sport.De, também alemão, a notícia foi acompanhada de uma foto do acarajé, com o título: “Brasil: a guerra do acarajé”. No texto, o repórter alemão explicava que o quitute surgiu da Bahia para o resto do Brasil, fazendo uma comparação da importância da tradição do acarajé para a Bahia como é o currywurst chips (salsichas fritas com curry) para os alemães.

Famosos

De acordo com a diretoria de comunicação do Change.org, as pessoas listadas como alvos do abaixo-assinado recebem um e-mail cada vez que alguém assina. “Desta forma, a demanda já foi passada ao próprio Ronaldo pelos assessores, que receberam sete mil e 500 e-mails”, informa a diretoria.

A presença das baianas conta, ainda, com o apoio de estudiosos da cultura brasileira que reconhecem a importância das baianas de acarajé, tombadas em 2005 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Famosos como Romário, Antônio Pitanga (ator de cinema e televisão) e Edílson (ex-jogador de Flamengo, Corinthias, Vitória e embaixador de Salvador para a Copa), demonstraram apoio por meio das redes sociais.

“Nem na época da ditadura existiria uma proibição como esta. As baianas são patrimônio, representam a história e a cultura da Bahia, estado onde nasce o Brasil. Proibir a presença das baianas é como fazer um evento onde é proibido o berimbau, o samba, o candomblé. “, afirma Antonio Pitanga, baiano residente no Rio de Janeiro.

Para ele, o evento quer trazer para o Brasil características de uma cultura da qual o País não faz parte. “Elas são tão importantes que todas as escolas de samba do Rio e São Paulo abrem seus desfiles com baianas à frente. Tia Ciata, baiana, foi quem abriu o quintal para os ensaios das escolas, em uma época em que o samba era marginalizado. Por que o futebol não pode homenagear a cultura deste País?”, questiona o ator.

MP-BA – Em texto enviado à Empresa Salvador Turismo (Saltur), Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014 (Secopa) e ao Ministério dos Esportes, o promotor público e coordenador do Núcleo de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Ministério Público da Bahia, Ulisses Campos, pede resposta sobre a permanência das baianas nos estádios.

Ele pretende acionar a Justiça, caso a liberação não ocorra “dentro do estádio de futebol para vendedoras aos moldes da já tradicional maneira da cidade do Salvador”, conforme destacado em um trecho do documento.

Até esta quarta-feira, ainda não havia resposta da Fifa. A presidente da Abam, Rita Santos, lamenta: “Até agora nenhuma resposta oficial”. A Secopa, por meio da assessoria de comunicação, informa que ainda aguarda o resultado do processo licitatório realizado pela Fifa para definir quais empresas irão atuar nos estádios na venda de alimentos. Segundo a Secopa, a empresa escolhida contratará uma companhia brasileira para definir comidas típicas de cada região que serão vendidas nos jogos da Copa.

MÚSICA – Mac o quê?

(Refrão)

Mac o quê,

Mac o quê, como é

que pode ser?

Quando é que esses gringos entendem de azeite de dendê?

Esse poder do dinheiro

de fato perdeu a razão

Abriram para todo o Brasil uma tal licitação

(Refrão)

Ficaram loucos de vez, não têm consciência nem (muito) menos axé

Querem proibir que durante a Copa nossas baianas façam acarajé

(Refrão)

Vá fazer o seu hambúrguer, deixe

o meu acarajé

Quem se mete na vida dos outros nunca terá

bom axé

Por isso, repito, não seja olho grande, leve

sua ideia pra lá

Prefiro as nossas

baianas, com caruru

e seu bom vatapá

Sambista carioca PQD da Portela, que é contra preferência dada à McDonald’s.

 

Fonte: Hieros Vasconcelos Rego/A Tarde

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