“Na natureza nada se cria nada se perde tudo se transforma. Antoine L. de Lavoisier (1743-1794).
Como produto decorrente da cultura tupiniquim existente, afirma-se que em todos os quadrantes da nacionalidade nada acontece, em período carnavalesco, gerando-se uma paralisia/leniência que induz todos ao ócio ou à folia momesca. Não é difícil a constatação de que a educação para, a saúde cambaleia, a produção de bens e serviços não se faz presente e, até, com todo o respeito, as representações religiosas diminuem o seu conjunto de atividades, já que a sociedade brasileira – em sua maior parte – volta-se para a esbórnia consequênte ao “reinado de momo”.
Mas, será que isto é real ou será porque “há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia” como já afirmado por Shakespeare?
Ao longo da semana, que deu início às folias de 2014, no entanto, algo se criou ou, quem sabe, se transformou, sem as devidas repercussões, dado à natureza, simbolismo e grandeza do fato social perpetrado pela mais alta corte do País, o Supremo Tribunal Federal (STF), ao se concluir o julgamento do “mensalão” no quesito relativo ao conceito de formação de quadrilha.
A este respeito, ao final da sessão, o Presidente do STF, Ministro Joaquim Barbosa, assim se pronunciou “Esta é uma tarde triste para este Supremo Tribunal Federal, porque, com argumentos pífios, foi reformada, jogada por terra, extirpada do mundo jurídico uma decisão plenária sólida, extremamente bem fundamentada que foi aquela tomada por este plenário no segundo semestre de 2013. A nação tem de estar alerta”. Em decorrência, dentre em breve, “mensaleiros” terão suas penas reformadas e poderão alcançar a liberdade em prazos mais acessíveis e assim será!
Considerando-se o julgamento, o que pensariam homens da estirpe de um Ruy Barbosa (“Com a lei, pela lei e dentro da lei, porque fora da lei não há salvação”) ou de um Voltaire (“Sejam as leis claras, uniformes e precisas, porque interpretá-las é o mesmo, quase sempre, que corrompê-las”)?
Ao educador ocorre por conta desta atípica semana carnavalesca, a necessidade de o País continuar priorizando o difícil caminho da Educação – pela edificação da consciência crítica do aprendente, alicerçada na ética e na moral, até porque inexistem atalhos ou outros meios de se respeitar a ordem constituída e de evoluir, ser um construtor social no viés da formação cidadã que está voltada para a transformação do homem, sua integridade, valores éticos e morais e consciência social. Em conclusão, mais que véspera de carnaval, do ócio e da alegria, verificou-se, de forma ultrajante, e muito mais – até de forma antecipada, uma surreal quarta-feira de cinzas…”.