Já fui duas vezes a Roma, na Itália. Na primeira vez fui ao Vaticano, vi o Papa, e quando ele apareceu toaram os sinos, tangidos por algum sineiro desvairado. Era um entardecer de primavera. Sombras quadradas crispavam nas estátuas de São Pedro, São Francisco, São Vicente, sobre suas faces coradas, as barbas crespas, pintadas de carmim. A catedral de São Pedro é antiga e cheia de mistério. Suas paredes brilhantes escondem paisagens secretas, nichos e portas que se abrem sem ruído. A maravilhosa e sábia vida de Cristo subiu-me à cabeça como um vinho envelhecido. Ali no Vaticano, o destino atirou a meus pés um Evangelho que o mundo desconhecia. Rodeado pelo brilho singelo de auréolas, fiz então a promessa de seguir os ensinamentos de Jesus. E a esse novo voto, ofereci em sacrifício a doçura da tristeza quimérica, o desprezo amargo pelos porcos da humanidade, a fé silenciosa e inebriante.
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