Hotel-fazenda estava ocupado por indígenas que reivindicavam posse de terra.
Funai informou na terça-feira, que área do hotel não faz parte de reserva.
O hotel-fazenda tomado por famílias indígenas no domingo, 7, foi desocupado na manhã desta quarta-feira, 10, em Una, cidade localizada na região sul da Bahia. A ocupação serviu para reivindicar a demarcação da chamada reserva Tupinambá, com 47 mil hectares que fica prróxima à área da propriedade.
Os índios, cerca de 20, deixaram o hotel de forma pacífica por volta das 10h. A saída aconteceu após uma reunião com agentes da Polícia Federal, entre eles, o delegado Alex Cordeiro, além de homens da Força Nacional de Segurança, e o representante da Funai em Ilhéus, Nicolas Melgaço. O representante do órgão mostraram aos indígenas um mapa, onde foi possível constatar que o hotel fica fora da reserva.
Segundo Val Tupinambá, representante dos indígenas, há 47 propriedades ocupadas por indígenas dentro da reserva. Já a Associação de Pequenos Agricultores de Ilhéus afirma que este número é 28 propriedades ocupadas.
Posse de terras
Na terça-feira, 9, a Fundação Nacional dos Índios (Funai) informou que a área do hotel não faz parte do espaço delimitado como território dos Tupinambás de Olivença.
A Funai disse que, após conferir um estudo realizado no ano passado, foi constatado que a área onde fica o hotel ocupado não é delimitada “como de uso tradicional do povo Tupinambá”. Esse reconhecimento, segundo a Fundação, foi concluído em 2012.
Segundo a Fundação, está sendo requerida a expedição da Portaria Declaratória, em que o Ministério da Justiça pode ou não reconhecer a terra como tradicional indígena.
A partir dessa portaria, explica a Funai, pode ser pedida a demarcação física do território tupinambá, especificado no estudo, e a retirada dos não-índios. De acordo com o cacique que liderou a ação, Val Tupinambá, o objetivo é pressionar o governo federal para a demarcação da reserva indígena. A área pretendida tem cerca de 47 mil hectares e fica entre Ilhéus, Una e Buerarema.
Um funcionário responsável pelo hotel-fazenda se dirigiu à Polícia Federal para prestar queixa. Ele estava acompanhado de uma mulher, dona de outra fazenda vizinha ao hotel. Ela preferiu não se identificar, mas informou que os índios ameaçaram ocupar a sua propriedade.
De acordo com a Funai, cerca de 20 famílias acamparam no espaço, que possui 14 bangalôs de luxo e estava sem hóspedes há cerca de três meses. A Funai informou, no entanto, que o hotel está desativado há seis meses por conta de um embargo do Ibama.
De acordo com um funcionário do hotel, que não quis se identificar, durante a ocupação, os índios não realizaram agressões físicas aos funcionários, mas exigiram que eles saíssem do local. Ainda segundo o relato do funcionário, os integrantes do gupo tinham armas.
Fonte: G1