“Caindo em si, ele disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu aqui, morrendo de fome! Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e contra ti.” (Lucas 15.17-18)
Há um tipo de pessoa que causa muitos males a si mesma e também a outros: a pessoa que não “cai em si”. Cair em si mesmo é uma queda necessária! Cair em si mesmo é a experiência de vivermos momentos de lucidez sobre nossa própria condição e as responsabilidades que temos nisso. Cair em si não é apenas reconhecer que não se está bem, ou que se agiu mal, ou qualquer outra coisa que o valha. Inclui mais um passo: reconhecer as próprias responsabilidades na situação. Precisamos aprender a buscar momentos para “cairmos em nós mesmos”. Aqueles que não caem em si pesam sobre a vida de outras pessoas! Portanto, cair em si também inclui ou deve nos levar a atitudes para mudar a situação. Para que as cosias melhores e os males cessem. Foi o que o pródigo fez: caiu em si, percebeu que havia opções e decidiu fazer algo a respeito. É aqui que a história muda o rumo.
O rapaz que foi agora começa a voltar. Às vezes, seguir em frente exige volta atrás! Às vezes, voltar atrás é a melhor forma de nos ajudar. E quem não ajuda a si mesmo jamais poderá ser suficientemente ajudado. Ajude a quem não se ajuda e terá que continuar ajudando para sempre e toda ajuda dada não resolverá a questão. Pessoas que não se ajudam são consumidoras de recursos: tempo, dinheiro, oportunidades, etc.. A fé cristã inclui um chamado à santidade, portanto, um chamado à saúde. Pessoas saudáveis caem em si. Elas erram, mas caem em si. João Batista criticou os saduceus e os fariseus, dizendo-lhes que deveriam produzir frutos dignos de arrependimento, em lugar de viverem cheios de orgulho religioso (Mt 3.8-9). Mas, por que não produziram? Porque não caíram em si. Eram bons em apontar as falhas e responsabilizar os outros, mas não enxergavam a si mesmos. Jesus os chamou de “guias cegos” (Mt 15.14).
Ao contar essa parábola tão rica, Jesus estava nos ofertando a oportunidade de muitas coisas. Para nos beneficiarmos devemos nos incluir na parábola. Devemos reconhecer nosso próprio coração no coração daqueles dois filhos. Em suas atitudes, as nossas. Não devemos ter dificuldades ou resistir em considerar o que nos iguala a eles. E se formos sinceros, perceberemos que há mais deles em nós do que gostaríamos de admitir. Aproveitemos a oportunidade e exercitemos a queda num sentido abençoador: caiamos em nós mesmos! Sejamos mais saudáveis, mais humildes. Arrependamo-nos mais! Somos pecadores!! Pecadores não conseguem passar uma semana inteira sem coisa alguma de que se arrepender, exceto se permanecerem insensíveis, cegos. Não parecemos aí: tomemos decisões que produzam mudanças. Paremos de arrumar culpados e assumamos responsabilidades! Que o Espírito Santo nos ajude nesta difícil, mas necessária jornada!