Uma igreja dividida

“Meus irmãos, fui informado por alguns da casa de Cloe de que há divisões entre vocês.” (1 Coríntios 1.11)

A notícia que chegou ao Paulo o deixou muito preocupado. A igreja em Corinto estava dividida. Dividir só é bom se forem as dores ou as alegrias. Divisões desse tipo multiplicam a comunhão, o cuidado, o amor, a cooperação. E essas coisas multiplicadas nos fortalecem. Mas a divisão naquela igreja era do tipo que separa as pessoas. Cada uma tinha seu grupo com sua identidade. Esse tipo de divisão enfraquece. Quando numa igreja, grupos divididos se fortalecem, se equipam, agem de forma egoísta e ensimesmada, a igreja padece. Há um senso que garante a saúde do nosso corpo, que poderíamos chamar de senso de pertencimento. Nosso corpo físico está unido por esse senso. Não há egoísmo. Toda a energia do corpo é guiada por esse senso de pertencimento. Há um cuidado que envolve todo o corpo. Nenhuma parte vive para si.

Não é sem razão que Paulo inclui em seu ensino nesta carta a figura da igreja como corpo. Está no capítulo 12. Ele ensina que o corpo funciona e é saudável quando cada parte realiza sua função. E não se trata de um funcionamento isolado, que diz respeito somente a interesses e objetivos isolados, mas um funcionamento em sincronia e sintonia com o todo, com o corpo. No corpo físico é assim e na igreja não deve ser diferente. Pois se todos temos a Cristo como a Cabeça, como podemos nos movimentar de forma divergente? Mas isso acontece. De onde vem essa forma de agir das partes do corpo? Na igreja de Corinto todos achavam que tinham razão para agir como estavam agindo. É sempre assim. E por isso a divisão continuava. Temos justificativa e motivos para nossas atitudes. E não é fácil lidar com isso.

E assim a igreja segue sendo menos do que poderia e deveria. Com tanta necessidade de ser luz e sal, com tantos desafios para enfrentar, nesse estado de divisão ela minimiza seu potencial, desperdiça recursos e oportunidades são perdidas. O que nos fará parar? O que nos fará acordar? Quando entenderemos que a grande obra que fazemos é palha para fogo quando é caracterizada pela divisão do corpo? Creio que a diversidade de ações e estilos seja o ambiente natural da igreja. Essa é a natureza do corpo – um corpo e muitos membros! Paulo ensina sobre isso! O problema da divisão está, não no papel que cada um deve desempenhar, gosta de desempenhar e melhor sabe desempenhar, mas na indisposição de cooperar, submeter-se e ser corpo, e não apenas a mão, o pé ou o olho. O problema está na recusa de cada parte em estar a serviço do corpo, vivendo tão somente para si mesma. Há muitas enfermidades que podem atingir o corpo, a igreja. Mas sua vida dividida é a fraqueza que torna possível praticamente todas as demais!

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