Hamilton Farias de Lima, professor universitário.
“A vida é como uma sala de espetáculos; entra-se, vê-se e sai-se”, Pitágoras (570-495 a.C.)
O teatro da vida, para muitos, é bastante simples, não requer maioridade intelectual ou condição filosófica para compreendê-lo, basta o bom senso para a percepção de quanto de jornadas a vida se compõe; une a todos, indiscriminadamente, na inarredável e intrincada teia da existência, indiferente à condição social, tempo e lugar.
Por sua específica natureza o homem evolui, de forma própria e diferenciada, em relação aos demais seres constituintes do meio em que vive, interagindo, transformando-se e construindo um meio social que se deseja harmonizado e participativo; como produto da educação assimilada e construída, impregnando nos seus descendentes, familiares e outros do viver social, o que nela entende de bom, para um viver com dignidade. É, por assim dizer-se, a sua visão de mundo!
Na complexa jornada da existência brasileira, quando o foco principal volta-se ao homem, nota-se o quanto ele, ainda, encontra-se distante de realizar os avanços necessários para o bem-estar social, sua própria autonomia, uso correto e disciplinado da liberdade que a democracia lhes assegura, muitas das vezes por não olhar o outro, igualmente detentor das mesmas prerrogativas de cidadania!
Metaforicamente, ele se ajusta à ideia de um violonista em solo musical, alheio aos acordes dos demais instrumentistas da orquestra e indiferente à condução do maestro ou da maestrina. No entanto, ele é observado pela plateia que o acompanha, assiste e o desabona por colocar em risco a obra a ser empreendida, em conjunto e com harmonia, o que requer união de ações, sem desvarios, já que o objetivo estar muito mais voltado à participação e à satisfação de muitos.
Apesar do virtuosismo que possa caracterizá-lo e, mesmo contando com o reconhecimento de sua expertise, o seu individualismo é prejudicial, pois, além de não interagir, desafina no contexto orquestral e o faz desacreditado junto àqueles, no teatro, ansiosos por aplaudi-lo e que, infelizmente, ao contrário, preocupam-se pela antevisão de um finale indesejado! E isto a sociedade não quer e desaprova!
O Teatro Brasil requer uma Nova Orquestra, lideranças, maestros/maestrinas, instrumentistas diversos e participantes outros, de todos os segmentos sociais, para superar os inúmeros problemas que o afetam e dão causas às manifestações atuais pela falta de assistência à saúde do seu povo, à oferta de educação qualificada, à geração de ocupações, ao combate à violência consequente à insegurança pública, num rosário interminável de queixas e reivindicações.
Afirmava o senador romano Cícero (106-43 a.C): “Ó Tempos! Ó Costumes!” (“O Tempora! O Mores!”) quando vociferava contra a desregração moral de sua época frente às afrontas de Catilina, seu inimigo, que colocavam Roma no caminho de sua destruição, segundo aquele eminente orador. É, assim, um bom lembrete aos “tempos” e “costumes” da atualidade nacional!
Se “há um tempo para tudo”, conforme Eclesiastes 3:1, seria de bom alvitre dar novos significados, no plano da moralidade, aos “costumes” da atualidade brasileira, com as mudanças indispensáveis, mercê da performance do Maestro e da Nova Orquestra ora em implantação no Teatro brasileiro.
Já seria um bom começo a se aplaudir e comemorar!