Por Hamilton Farias de Lima, professor.
“Nenhum homem tem o dever de ser rico, grande ou sábio: mas todos têm o dever de ser honrados”, Rudyard Kipling (1865-1936).
Não há como se negar os perversos efeitos da crise instalada a penalizar a sociedade brasileira, vista em seus vários ângulos, e aí incluindo além de suas mais diversas Instituições o nome do País, mundo afora, num processo que se arrasta há vários anos. Em muito, tal situação assemelha-se a um colossal mar de lama, um festival de iniquidades jamais visto – em extensão e profundidade -, sem qualquer paralelismo na história contemporânea do mundo.
Em poucas palavras, é mesmo de estarrecer!
Assiste-se a cada dia as ações delituosas desenvolvidas por representantes de poderes institucionais, em que a falta de caráter e de escrúpulos os conduz à criminalidade como se leis, regras, ética e moral para eles não existissem.
Criaram um modus vivendi et operandi , associado a setores empresariais, com ramificações internacionais, estabelecendo “códigos” de condutas apropriados aos propósitos de suas iniquidades e, de forma perversa, praticaram transgressões que feriram continuadamente princípios fundamentais do ordenamento jurídico vigente, descumprindo o compromisso solenemente jurado pelo zelo e respeito à coisa pública.
A titulo de analogia, não faz mal nenhum refletir: “Quem é fiel nas coisas mínimas, é fiel também no muito, e quem é iníquo no mínimo, é iníquo também no muito”, como consta no Evangelho de Lucas, 16:10.
A perplexidade decorrente desse estado de coisas tem deixado a população brasileira descrente e órfã de sua representação política, ao tempo em que a solução dos problemas e a melhoria da qualidade de vida por ela reivindicados são adiados, criando-se um fosso em que de um lado as necessidades sociais prementes se avolumam pressionando negativamente o viver e a autoestima da população.
Esquecem os iníquos que há uma sabedoria popular coletiva, fruto da experiência vivenciada, que se encontra armazenada na consciência sofrida da população, ainda que malfeitores possam imaginar que o tempo irá amainar as tempestades que praticaram e os seus efeitos deletérios, o que não ocorrerá.
A união dos brasileiros escorraçando os trânsfugas da representação popular está em andamento, a cada dia, e até de forma imperceptível, que eclodirá mais adiante dentro das prescrições democráticas, passando o País a limpo.
A “limpeza” não decorre da presunção relativa a uma visão de oráculo, mas em consequência do estado reinante de ebulição do meio social e de seus resultados adversos. A sociedade vê, escuta, comenta, analisa e percebe criticamente a administração pública, em todos os seus níveis de poder, e manifesta a sua desaprovação como nunca até então havia feito.
E, assim, o festival de iniquidades terá o seu final melancólico e com ele, sem deixar saudades, o afastamento definitivo dos iníquos; a escolha de novos atores, novos dirigentes sintonizados com os reclamos sociais e, por último, o registro histórico do desserviço ao País e da fraude realizada pelos insensatos, numa indesejável grande lição para jamais ser esquecida!