Um duplo nascimento

“Respondeu Jesus: Digo-lhe a verdade: Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito.” (João 3.5)

O Reino de Deus é tão distinto e peculiar, considerando o reino a que tanto estamos acostumados, o reino dos homens, que somente conseguiremos compreende-lo, e mesmo vê-lo, um pouco a cada vez. Um ângulo a cada olhar. Por isso, algumas vezes ou talvez muitas, ele poderá nos parecer contraditório. É um Reino em que não podemos ser bons por nós mesmos, com nossa força, mas que requer que nos dediquemos e nos esforcemos. É um Reino que nos ensina a unir a simplicidade da pomba com a prudência da serpente, e não é fácil equilibrar essas duas atitudes! Um Reino que nos diz: Descanse sob os cuidados do Pai. Mas também nos diz: Fiquem alertas contra as ciladas do inimigo. O Reino de Deus é assim para nós. E para nele habitarmos, é preciso que ele nos habite. Tanto somos levados para dentro dele, quanto ele vem e se instala dentro de nós. O Deus desse Reino não pode ser contido pelo universo, mas faz do ser humano a Sua habitação – somos templos para habitação do Espírito Santo.

Por isso Jesus disse que ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nascer da água e do Espírito. Nessa afirmação Jesus une a autonomia, o protagonismo humano, à soberania divina. A vontade humana, ao favor divino. Não temos força moral para viver o padrão do Reino de Deus, mas podemos deseja-lo e nos comprometer com ele. E se o fizermos, poderemos contar com Deus. Seu poder se aperfeiçoa em nossa fraqueza e o fraco se faz forte. Jesus, ao falar do necessário nascimento “da água”, está se referindo ao quebrantamento e arrependimento necessários para que haja espaço em nós para o Reino de Deus e no Reino de Deus para nós. O Reino de Deus é o Reino dos arrependidos e quebrantados. O nascimento “da água” é o nosso compromisso com Cristo como nosso Senhor, Mestre e Salvador. O Reino de Deus é o Reino dos que dependem e se submetem ao Rei.

Mas não basta o nosso protagonismo. Precisamos da ação soberana e poderosa de Deus, do favor divino. Precisamos ser envolvidos por Seu amor e precisamos da vida nova que somente Ele tem para nos dar. O Espírito Santo precisa agir em nós e guiar-nos às transformações que nos levarão a ver, experimentar e nos alegrar com o Reino de Deus. Os que são envolvidos pela ação do Espírito Santo veem a vida de um modo que outros não veem. Na verdade, veem o que ninguém vê. Assim como apenas o ouvido preparado pode jugar a harmonia de uma sinfônica, apenas a alma feita criança pelo compromisso humano e o favor divino pode discernir o Reino de Deus. Pode experimentá-lo, mesmo em meio ao reino do homens. Até que alguém experimente esse duplo nascimento, da água e do Espírito, não poderá ver as coisas de Deus e o Reino de Deus. E é isso que separa religiosos de verdadeiros cristãos.

 

ucs

 

 

 

 

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