“O prudente percebe o perigo e busca refúgio; o inexperiente segue adiante e sofre as conseqüências.” (Provérbios 22.3)
As Escrituras são textos de fé e vida com Deus. Revelam Deus, a vida, e o ser humano. É possível ver o Espírito Santo em cada página. Mas também é possível nada ver ou deixar de ver a amplitude de sua abrangência e a riqueza de seu conteúdo. Há dois lugares de onde, lendo-a, perdemos um bom bocado de seu alimento. Um deles é o da incredulidade que não concebe a presença e manifestação de Deus. Que confina a perspectiva do texto ao repertório das expressões, da alma e da mente humana. Que faz de Deus, na melhor das hipóteses, um ser que existe mas não se envolveu na história e na pior, um Deus que existe apenas na mente e devaneio humano. O outro modo de desperdiça-la é lendo-a da caverna da religiosidade. Uma leitura obscurecida, que exalta-se em declarar as Escrituras Revelação de Deus, de Palavra de Deus. Mas a empobrece relacionando-a exclusivamente ao ambiente religioso e ao que a própria religiosidade declara ser espiritual. Produzindo uma cegueira que impede ver a sabedoria e revelação que nela há para o cotidiano da existência.
O texto de hoje é um ensino produzido na sabedoria popular e preservado pelo escritor para nos ensinar a viver. E isso em todas as dimensões. Em questões espirituais, eternas, e em questões materiais e terrenas. Nestes tempos de reclusão forçada pela pandemia que se estabeleceu em praticamente todo o planeta, ele reforça nosso dever de cuidado. Ele nos pede para agirmos como pessoas prudentes. No último domingo os números oficiais, segundo algumas fontes, indicavam 1.546 casos confirmados de infecção por Covid-19 no país. Na Itália, notícias de ontem deram conta de que as mortes começaram a desacelerar, mas ainda em torno de 650 por dia! Os números reais são normalmente maiores que os divulgados, os dados oficiais. No caso que enfrentamos, pelas complexidades de controle, são certamente maiores. E então? Que lhe parece? Há algum perigo evidente? Não há dúvida. E espero que o esteja percebendo com clareza e buscando todo o refúgio que lhe é possível. Pois, como diz o resto do provérbio, o inexperiente (ou tolo), por falta de prudência, sofre as consequências.
Em situações como a que enfrentamos, a tolice de um gera consequências para muitos outros. Tomamos esse provérbio hoje num sentido prioritariamente material, terreno, imediato. A vida é uma dádiva e é preciosa. O pecado que nos atingiu nos tornou irresponsáveis com ela. Quantas mortes não naturais acontecem diariamente? Talvez a maioria poderia ser evitada. O pecado produz morte. Tanto espiritual como física. A morte é a recompensa do pecado (Rm 6.26), pois nos incapacita para viver como Deus planejou. Reconciliados por Cristo revivemos espiritualmente e precisamos aprender a viver nossa vida terrena. Com sabedoria, com alegria, com prudência e generosidade. Podemos dizer que é esse o nosso culto a Deus e nossa adoração por tudo que fez e faz por nós. O modo como vivemos e agimos é nossa expressão mais profunda de adoração e fé. Portanto, compreenda o seu autocuidado e seu zelo por outros como parte de sua adoração nestes dias em especial. Pois são exatamente isso: louvor prestado a Deus. Portanto, não se esqueça disso!