Transformação e adoração

“Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12.2)

A liturgia da vida cristã sempre leva a mudanças em nós. Não apenas em nosso contexto, mas em nós, no modo como vemos e reagimos à vida. Ela envolve mudanças que Deus promove em nós – na medida em que somos ensináveis; mudanças que acontecem ao vivermos experiências que refazem perspectivas que tínhamos – na medida em que estamos abertos a aprender; e também mudanças que intencional e voluntariamente buscamos – na medida em que ansiamos por crescimento. O texto está falando sobre estas últimas: as mudanças que nós mesmos buscamos.
Mas há uma parte do texto que devemos interpretar tendo em vista adoração, e não religião: ”Não se amoldem ao padrão deste mundo”. Se nossa espiritualidade for demasiadamente religiosa, mais afeta à liturgia do templo do que à da vida, nossa mente logo tratará de interpretar essa orientação como algo que nos afasta de todos e de tudo que não se harmoniza com nossa religião. E aí julgaremos pessoas, ambientes, músicas, assuntos e tudo mais com base neste critério. Protagonizaremos a fé do afastamento. Mas se nossa espiritualidade for orientada pela liturgia da vida cristã que busca adorar como forma de viver, seremos ajudados a compreender que trata-se de algo mais significativo e profundo.

O mundo ao qual não devemos nos amoldar não é o que está do lado de fora da igreja. Ele está dentro de nós e é o lado pecaminoso do ser humano e as relações que ele promove. Um lado que não sabe amar, não sabe respeitar, não se dispõe a cuidar, a perdoar, a servir. O mundo é o nosso lado que alimenta fofocas, julga, age de forma preconceituosa e é cego para as próprias maldades, ao mesmo tempo que amplifica-a no outro. Não devemos nos acomodar, nos amoldar a este “mundo”. Em lugar disso, devemos nos inspirar em Deus e nos amoldar ao Reino que nos alcançou buscando, nós mesmos, por transformação. Buscando por um modo novo de pensar e reagir à vida. Por uma compreensão mais clara do Evangelho, da vida do Reino de Deus. É assim que graciosamente seremos capacitados para que experimentemos e comprovemos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Pessoas vivendo a liturgia cristã são dádivas. Revelam lucidez e sabedoria, próprias da convivência com Deus. São cidadãs e missionárias, cumprindo seu papel no reino dos homens e no Reino de Deus, vendo a vida com mais clareza e maturidade. Muito mais do que falar do Evangelho, elas protagonizam o Evangelho. Muito mais que levar pessoas ao templo, elas levam Deus às pessoas. E é esse o verdadeiro caminho da fé ensinada por Jesus. Devemos nos examinar para ver se estamos nele.

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