Como os fins da vida que vivemos, sem que queiramos nós tais fins. Gabriel tem (ou tinha) dezessete anos, saiu de casa em Petrópolis para trocar uma mochila, as quatro da tarde, o temporal fez o ônibus boia, ele sobe na lateral, não sabe nadar, o ônibus afunda e hoje esta desaparecido. Levanto, afasto a cadeira e caminho até a janela, mergulhado em pensamentos.
Lembrei da referência de um livro de Goebbels, intitulado “Die Zeit Ohne Beispiel” Pertencia à filha solteira de trinta e oito anos de idade. Era uma oficial subalterma do Partido Nazista. A breve inscrição da folha de rosto. Escrita à trinta, em alemão, numa caligrafia miúda e inutilmente sincera, estavam as palavras “Caro Deus , a vida é um inferno” Nada levava a isso e nada saía disso. Fiquei pensando deste menino desaparecido, mas colocaria uma pergunta no livro. “O que é inferno?” Sustento que seja o sofrimento de ser incapaz de sentir empatia pela dor do outro, viver de forma insensível neste mundo de tantas tragédias.