TODAS AS RAZÕES

“Há um só corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a qual vocês foram chamados é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos.” (Efésios 4.4-6)

O Reino de Deus veio a nós. Essa foi a pregação insistente de Jesus: o Reino de Deus chegou. Ser cristão é ser parte desse Reino. A igreja é uma comunidade do Reino de Deus. Essa é a ideia. Esse é o desafio de toda igreja: ser uma comunidade do Reino de Deus. E como tal, há aspectos de sua existência e funcionamento que são inegociáveis, sob pena de revelar-se outra coisa, e não igreja de Cristo. Uma dessas marcas é a unidade.

Dito isso, devemos olhar com espanto e temor para a realidade que nos envolve como cristãos e igrejas. Se há algo que nos falta, e há muitas coisas que nos faltam, a unidade é claramente uma delas. E o problema não está em nossas diferenças. Não está no fato de que alguns de nós acreditam que crianças devam ser batizadas e outros não. E nem no fato de que alguns de nós acreditam que a aspersão é válida como forma de batismo enquanto outros creem que só é válido e bíblico o batismo por imersão. Não há problema de fato se alguns de nós buscam e entendem a vida cristã completa apenas se houver as manifestações especiais do Espírito, como línguas de anjos, visões ou revelações e outros sentem-se completos sem essas coisas. O problema é que não sabemos ser diferentes. Não sabemos respeitar os desencontros. Perdemo-nos do essencial.

Não sabemos reconhecer o caráter periférico de nossos apegos e convicções e com isso desprezamos a essencialidade do que Cristo fez por nós. Valorizamos demais nossas perspectivas e as tornamos mais importantes que o Espírito que é único e o mesmo. E nos perdemos do chamado que recebemos, que também é o mesmo. Temos o mesmo Senhor, mas não reconhecemos uns aos outros como servos e iguais. Não sabemos reconhecer a unicidade de nossa fé, de nosso batismo, embora oremos ao mesmo Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos.

Se a unicidade declarada pelo apóstolo não é razão bastante para nos amarmos e nos respeitarmos, o que será? Mesmo dentro de uma mesma igreja e entre igrejas que que assinam a mesma declaração doutrinária, não há unidade de fato. A divisão, o desrespeito, o desamor está frequentemente aparecendo entre nós e revela a infantilidade de nossas crenças. Aqueles com quem oramos, cantamos e celebramos hoje, quem serão para nós e nós para eles amanhã? Jesus disse que seriamos reconhecidos como seus seguidores pelo amor mútuo. Logo, nossas divisões por causa da Bíblia apenas nos fazem batistas, presbiterianos, assembleianos, católicos, pentecostais, tradicionais… e isso não traz contribuição alguma para o Reino de Deus!

Precisamos nos reconverter às razões insuperáveis que temos para aprendermos a viver por uma causa comum. Há razão suficiente para nos respeitarmos e sabermos divergir. O que tem faltado é sensatez e maturidade. Temos motivos mais que suficientes para nos amarmos e aprendermos a andar na mesma direção, ainda que não andemos juntos ou pensemos sobre tudo da mesma forma. O Reino de Deus é o lugar onde os diferentes tornam-se unidos e a diversidade produz vida. Se a Trindade não nos inspirar para isso, seremos apenas o que qualquer outro ajuntamento de pessoas é capaz de ser. Mas se nos dedicarmos ao mandamento de amar a Deus e às pessoas, haverá esperança e nossas diferenças não serão obstáculos. E mais que ouvido, o Evangelho poderá ser visto por meio de nós.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui