Teste que identifica zika só tem eficácia até quinto dia de sintomas

Como os sinais de zika, dengue e chikungunya são semelhantes, o teste é a única maneira de esclarecer qual o paciente contraiu

Especialistas alertam que grávidas devem procurar atendimento médico ao perceberem os primeiros indícios de zika, vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Isso porque o exame que pode identificar a doença só é eficaz se feito preferencialmente nos cinco primeiros dias de sintomas.

Como os sinais de zika, dengue e chikungunya são semelhantes, o teste é a única maneira de esclarecer qual virose o paciente contraiu. O Ministério da Saúde divulga nos próximos dias o protocolo de atendimento para zika.

Para localizar o vírus após o período sintomático seria necessário um exame de detecção de anticorpos, que ainda não existe para o zika, mas que já está sendo desenvolvido por diversos laboratórios públicos no país e deverá estar disponível nas próximas semanas.

O exame que detecta a presença de zika no período de sintomas é o RNA PCR. Ele identifica, pelo sequenciamento genético do vírus, a presença do agente no organismo. A recomendação de fazer o exame até o quinto dia é defendida pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.

Nos laboratórios particulares pesquisados pela reportagem, o teste custa de R$ 1.198 a R$ 2.160. “Se as pacientes com sintomas de zika estiverem no primeiro trimestre de gestação, o ideal é que façam o teste para afastar a hipótese de outras doenças, até mesmo para fazer pré-natal pormenorizado, caso seja zika.

É o período em que há risco maior de acontecer má-formação”, diz a infectologista Bianca Grassi de Miranda, do Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. A preocupação com o vírus aumentou depois da associação das mães que tiveram zika durante a gravidez com o nascimento de crianças com microcefalia, que se caracteriza pela má formação do perímetro cefálico dos bebês.

De acordo com o Ministério da Saúde, já já são 1.248 casos em 13 estados, a maioria do Nordeste – Pernambuco lidera, com 646 registros.

“No ano passado, foram 147 casos de microcefalia notificados no país. Este ano já passam de 1.200 até aqui. E o que já está claro é a relação do aumento de quadros (de microcefalia) com o histórico de infecção de zika pela mãe”, diz o médico Manoel Sarlon, especialista em medicina fetal e diretor da Escola Caliper.

A relação entre a infecção pelo zika e o surto de casos de microcefalia no Nordeste foi declarada pelo Ministério da Saúde no último dia 28 de novembro. Segundo o órgão, a confirmação foi possível a partir da identificação da presença do vírus em amostras de sangue e tecidos de um recém-nascido que morreu no Ceará.

O teste específico para zika deve ser feito depois dos exames de dengue e chikungunya, doenças mais comuns. A advogada Renata Vilhena, especialista em saúde, diz que os planos devem pagar pelo exame de zika, em caso de recomendação médica.

“A operadora está recebendo para prestar serviço no lugar do Estado. Havendo pedido, o plano é obrigado a cobrir”, afirma. A Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abrange), que representa planos de saúde, informou que os procedimentos cobertos pelas operadoras são determinados pela Agência Nacional de Saúde (ANS) e definidos em contrato.


Correio

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