“Não são só os mais velhos, os sábios, não são só os de idade que entendem o que é certo.” (Jó 32.9)
No mundo de Jó e seus amigos os cabelos brancos eram motivo de orgulho e sinal de honra. Mas Eliú protesta dizendo que também os mais jovens tem algo a dizer e é possível que saibam verdades que os mais velhos não saibam. Este é um tema interessante para nós do século 21, em que tantos paradigmas estão mudando, tradições sendo abandonadas e a vida ficando tão diferente. Nunca as gerações foram tão iguais na aparência e tão diferentes nas perspectivas! Com quem está a verdade? A sabedoria está na tradição, no modo como as coisas sempre foram, ou na novidade? É hora de reinventar a vida e fazer dela algo completamente novo, em tudo?
Eliú não está errado. Ele, apesar de mais jovem, poderia estar vendo o que os mais velhos não viam e talvez tivesse algo a dizer que todos devessem escutar. Sua reivindicação deve ser útil a nós, lembrando-nos de como é importante ouvir, considerar, avaliar. A pressuposição de que “eu estou sempre certo” é uma cegueira perigosa. Precisamos da capacidade de considerar as mudanças, seu valor e efeitos. Devemos não ser tão apressados, nem para abraçar e nem para rejeitar o novo. Devemos ter mais calma para não abandonar e nem impor o antigo. São tempos difíceis, sobre os quais as Escrituras já falavam – “No fim, chegarão tempos difíceis…” (1Tm 3.1) – e as dificuldades não estão na tecnologia, mas em nossos corações.
Estamos amando errado, ambicionando errado, valorizando errado, falamos o que não devemos. Lidamos mal com a comida, com o tempo, com o vizinho e queremos saber o que há do outro lado do universo, mas ignoramos o que há em nosso coração… tempos difíceis! Estamos nos corrompendo, lenta e persistentemente. E pense melhor antes de gritar “menos eu!” Onde está a sabedoria? Está em Deus, no temor ao Senhor. Precisamos “olhar para cima”, e olhar, não para nos aproveitar, mas para nos submeter. Não para transferir responsabilidades, mas para sermos mais responsáveis. Precisamos de gente que tenha sabedoria e a ofereça, seja jovem ou idoso, por meio de uma vida bonita, saudável e inspiradora – ou seja, santa. Vida de gente que anda, teme e serve a Deus.