Estava no dia 20 de dezembro, na Paralela, em direção à Estrada do Coco. O sol havia se posto há cinco minutos e as luzes da Paralela lançavam um brilho laranja nebuloso.
O céu pesado trovejava à distância, parecendo não conseguir decidir se derramaria tudo de uma vez só ou não. Mas, ao decidir, a tempestade desabou com raios e trovões. Tive que retornar. A chuva caiu em cordas negras.
De uma escolha atenta a outra, a vida inteira é uma forma de autoexpressão, e a tempestade foi uma forma tenebrosa de viver. Tentei deixar que minha respiração profunda levasse minha ansiedade crescente.
Com tantos raios e trovões, no prédio em que moro na Graça, faltou luz por quatro horas. Tivemos que subir de escada onze andares e o verão só começa às 00h27 do dia 22 de dezembro.