Aluno de 14 anos recebeu bilhete em que deveria levar bebida para ceia.
Um estudante de 14 de uma escola da cidade de Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia, afirma que foi constrangido por funcionários do colégio após levar um vinho solicitado por uma professora para ceia coletiva de Páscoa. Segundo o jovem, aluno da Escola Alcenor Alves Barbosa, ele recebeu um bilhete da professora que dizia que “deveria colaborar com vinho de uva” para o evento.
“A professora me deu um bilhete e disse para trazer o que estava no papel e no meu tinha um vinho de uva. Eu levei para casa, meu avô achou estranho, mas, como tinha no papel, comprou. Quando cheguei na escola e fui para a sala, botei o vinho em cima da mesa. A professora veio, pegou o vinho e mandou eu ir para a direção. A faxineira ainda cheirou minha boca para ver se tinha bebido e uma outra mulher lá disse que eu era viciado em beber e fumar”, relatou o estudante. O bilhete foi entregue no final da aula na terça-feira (31) e, na quarta-feira (1º), o jovem levou o vinho para a escola.
À reportagem, a professora contou, nesta quinta-feira (2), que houve mal-entendido. “Eu sou uma professora evangélica e jamais pediria uma coisa dessa. Botei no bilhete vinho de uva e disse aos estudantes que era aquele que se toma na Santa Ceia. Posso ter falhado, por ingenuidade, ao não expressar no bilhete que era sem álcool. Quando ele chegou na escola com o vinho, eu peguei a garrafa e guardei, porque ele é menor e não queria que saísse com a bebida”, contou.
O rapaz conta que, após recolher a bebida, a escola o liberou para participar da ceia, mas pediu que, no próximo dia de aula, na segunda-feira (6), que ele retornasse para a unidade com os pais. A mãe do jovem, Valéria Gomes, conta que a diretora da escola e a professora que entregou o bilhete estiveram na casa dela na manhã desta quinta para contar o ocorrido.
“A diretora me disse que não era o vinho que queria, que se expressou mal, que a professora é evangélica. Mas não era nem para ter pedido vinho. Escola pede refrigerante e suco de uva, em um ato para simbolizar a Santa Ceia. Ela disse que foi um erro, mas, para mim, o erro maior foi ter segurado o vinho na escola e ter mandado ele me chamar para ir segunda-feira para lá. Ele sentiu que seria expulso”, disse a mãe.
A professora afirma que não presenciou o momento em que o adolescente disse ter sido constrangido. Já a diretora da escola, Edimar Gomes Metzker, informou que não sabia do bilhete e que irá apurar o caso. “A coordenadora do primeiro ao quinto ano fez o bilhete e as professoras de cada série distribuíram. Nesse bilhete, a professora, infelizmente, não colocou a palavra ‘suco’ e escreveu vinho de uva. Ela disse que explicou tudo, mas houve um mal-entendido e ele chegou na escola com o vinho. A professora recolheu. Quando foi hoje, a mãe me falou que ele teria sido constrangido, mas eu vou apurandor isso na segunda-feira”, disse a diretora. A diretora afirma ainda que, na segunda, vai se reunir com a mãe do aluno e o secretário de Educação do município. O G1 optou por preservar os nomes da professora e do aluno.
Fonte: Ruan Melo/G1