As pessoas fazem planos, e Deus ri. Primeiro presidente civil eleito após 21 anos de ditadura militar não conseguiu tomar posse. Após 39 dias de agonia, em 21 de abril, Tancredo Neves morreu no Instituto do Coração, vítima de uma infecção generalizada, num domingo a noite, Antônio Brito, porta voz da presidência, deu a notícia, eu ouvi viajando para Irecê, onde trabalhava nesta época. Todos no ônibus, permaneceram em silêncio, com a vista perdida no negrume do horizonte escuro. Naquela época, não imaginava este futuro da nossa democracia, que hoje teve dois presidentes que não terminaram o mandato. O brasileiro caiu uma espécie de estupor. Na expressão, das pessoas vi muita coisa: preocupação, tristeza, era a esperança da democracia, Sarney o vice tinha origem nas oligarquias do Maranhão. Fiquei com a impressão que tinham nos tirado a legitimidade de decidir nosso presente e futuro para dar conta das grandes questões nacionais. Vi nos rostos atormentados dos brasileiros, que a vida nunca mais seria a mesma. Muitos diziam “Quando as coisas acontecem, a gente lida com elas.”
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