Talvez, daqui a 50 anos!

“A educação é um processo social, é desenvolvimento”.

Não é preparação para a vida, é a própria vida”, John Dewey (1859-1952). Há alguns anos, o Brasil, em evento na Europa, comprometeu-se a sediar a edição 2014 da Copa do Mundo, medida proposta pela Presidência do País que rendeu manchetes nacionais e internacionais, mexeu com a auto-estima do “país do futebol” e, aparentemente, deixou muitos próximos a estado de êxtase.

O tempo, o senhor da razão, está a provar o quanto meias-verdades podem, enganosamente, assumir contornos de verdades absolutas, sepultadas a seguir pela realidade que impõe o desocultamento das fantasias e mostra o quadro de incoerências, desacertos e mau destino de recursos. Isto por um direcionamento vesgo e alheio às necessidades sociais as mais prementes do País, tão flagrantes e imperiosas. Ou seja, por conta da Copa, foi colocado de lado um quadro nacional recheado de pobreza e marginalidade que, infelizmente, à época se assistia e que se mantém, ainda hoje, desafortunadamente, para milhões de brasileiros.

“Ad populum panis et circenses”, literalmente: ao povo que se ofereça pão e circo, máxima dos cezares romanos há 2.000 anos e que, recentemente, se aplicou, afastando-se da plebe o conhecimento dos problemas e da miséria em que viviam e sucumbem, estratégia para conter quaisquer tentativas de mudanças no status quo existente.

Esta análise, mesmo superficial, vem a propósito do que está repercutindo atualmente nos quatro cantos da geografia nacional pelos custos versus benefícios do que se investiu, com grande prioridade, na construção de novas “arenas” quando falta tanto na educação, saúde, segurança, dentre outros itens. Razão, com certeza, não falta àqueles que estão a exigir “padrão Fifa” – qualidade em essência – para as diferentes questões que se opõem ao desenvolvimento brasileiro e que estão sendo ruidosamente reivindicadas nas ruas e praças, porém, insensivelmente postas de lado por quem deveria resolvê-las.

Em solo pátrio, em breve, ocorrerá a segunda edição de uma Copa do Mundo, mas, em paralelo, quais as prioridades estabelecidas para educação, saúde, transporte, emprego, segurança e o mais necessário a uma vida digna?

Quando será que a fantasia, o pão e circo darão lugar às medidas que ensejem o desenvolvimento nacional integrado à Educação? Ou será, talvez, isso venha a ocorrer daqui a 50 anos, após muitas provações e sofrimentos; afinal a dor também conscientiza e instrui, só que o preço e o tempo poderiam ser bem menores!

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